Composição com paisagem arquitectónica junto a um rio ou lago (?). A composição desenvolve-se em três faixas: a do primeiro plano formada pela mancha de água, a seguinte pela faixa de edifícios e a última pelo céu. No primeiro plano há, à esquerda, um promontório que tem no topo uma estrutura semelhante a um caramanchão. Ao centro, na água, navega uma pequena embarcação com duas figuras. Ainda sobre a água, o plano seguinte ilumina-se com os reflexos dos edifícios. Num plano mais distante, a outra margem é dominada pelo casario que se desenvolve em toda a extensão da composição, produzindo uma linha de céu ligeiramente oblíqua, descendente, da esquerda para a direita, apenas interrompida por uma torre sineira. A luz reflecte-se intensamente nas várias fachadas cor de rosa e nalguns pontos brancos dos telhados. Em toda a superfície desta pintura é visível uma camada de tinta com vestígios de impressão digital à qual se sobrepõe uma outra formada por pequenos empastamentos de tinta, mais espessos na água, nas figuras, na torre sineira, nalgumas zonas do céu… Este recurso produz nos edifícios algum efeito de relevo e profundidade e na água o efeito de movimento. Nas fachadas dos edifícios, nas zonas em que a tinta tem uma aparência mais lisa, formam-se pequenas rugosidades numa espécie de padrão ordenado, que reforçam a sensação de verticalidade, até por oposição à pincelada desordenada no céu e nas nuvens. Alguns elementos, como as figuras e a embarcação são representados com extrema economia de meios (2 ou 3 pinceladas de castanho, negro e branco). Nas margens superior e inferior (de modo mais evidente nesta última) é visível a linha de fixação da tábua para execução da obra. Na margem lateral esquerda há uma depressão semicircular da camada de tinta (?).