A pintura deverá ter sido executada em data próxima a Madonna dell'Arancio (Galleria dell'Accademia, Veneza), concebida originalmente para o altar de Santa Clara de Murano, em 1496-1498. O grupo constituído pela Virgem e o Menino apresenta em ambas as pinturas semelhanças evidentes, embora esta obra, de dimensões bem menores que a anterior, considerada uma síntese da arte de Cima e um exemplo da sua maturidade artística, tenha sido realizada para um particular.
O tema da pintura remete para a cena do descanso na Fuga para o Egito – alusão assinalada, em segundo plano, pelo burro selado, pastando –, embora os dois santos nos flancos laterais façam pensar simultaneamente na obra como uma Sagrada Conversação. Além dos anjos e de São José, podemos ver à esquerda do núcleo central a figura de São João Baptista, enquanto no extremo oposto Santa Lúcia de Siracusa segura na mão uma lâmpada, um dos seus atributos característicos, referência à luz divina e à sabedoria.
No eixo da composição, plena de simetria e equilíbrio, ergue-se a árvore, símbolo da vida na tradição cristã. A paisagem, simultaneamente real e imaginária, uma reação emocional à luz, à maneira de Giovanni Bellini, incorpora igualmente a evocação virgiliana do mundo antigo, fonte inspiradora da paisagem idílica.
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