Este é o derradeiro auto-retrato de Mário Eloy e, porventura, o mais perturbante de todos, se exceptuarmos a auto-representação promovida nos seus alucinatórios desenhos finais.
A estruturação algo cézanniana dos volumes alia-se a uma dimensão eminentemente expressionista, particularmente visível nas manchas espatuladas e ondulantes do fundo e do cachecol de cores estridentes que envolve o pescoço. Esta condição expressionista é sobretudo realçada pela irrealidade cromática do rosto carmim, que confere uma dimensão de máscara ou de segunda pele. Ao pormenor do cachimbo, talvez bebido na iconografia de Van Gogh que o pintor admirava, acresce a estranheza inquietante do olhar enviezado, fixo e inquiridor. (Raquel Henriques da Silva)
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