Esta peça sugere, em primeiro lugar, a filiação naturalista do seu autor, procurando adequar os valores académicos à diversidade de situações temáticas, decorrentes do desejo de ultrapassar as iconografias restritas do classicismo.
Neste caso a jovem mulher desfolha um malmequer, metáfora melancólica do amor desejado ou perdido talvez. No entanto, o perfil e o penteado de sugestão helenizante, o nu parcial e o tratamento do panejamento são marcações deliberadas de um classicismo intemporal que a presença prosaica do banco de apoio de um dos pés não chega para naturalizar. De facto, Simões de Almeida mantém-se fiel a um despaisamento estético, muito sentimental, amaneirando os cânones académicos sem lhes insuflar novos valores plásticos, sequer os oriundos de uma atenção à diversidade do real. (Raquel Henriques da Silva)