Coexistiram em França, ao longo do século XIX, correntes estilísticas diversas, que se refletiram em formas distintas de conceção da natureza. Da década de 1850 é possível admirar esta obra de Constant Troyon, onde se anuncia um universo de transição entre uma disciplina formal ao gosto do Salon e a assimilação de um registo pictórico importado da época de ouro holandesa inspirado nos exemplos de Albert Cuyp e Paulus Potter, em particular. Tal é visível no tratamento do último plano do quadro, no qual se vislumbra um grupo de animais numa vasta planície na região da Normandia, que se estende até ao limite da baixa linha do horizonte, delimitada por um imenso céu nublado.
A incorporação de aspectos derivados da observação directa da natureza ensaiada ao ar livre, tal como se constata na secção do quadro formada por um denso conjunto de carvalhos centenários, manifesta por sua vez um entendimento de paisagem idêntico ao que se pode encontrar em obras de Théodore Rousseau ou Narcisse Diaz de La Peña, nomes incontornáveis da Escola de Barbizon e com quem o pintor privou em Fontainebleau. A pintura, também próxima de Constable na conceção geral da composição é, nessa medida, um exemplo de conciliação de duas tendências fundamentais de Oitocentos, um ponto onde claramente se encontram pressupostos românticos e naturalistas.