As pinturas de costumes lisboetas de Jorge Barradas, ironizadas por Artur Portela que o considerava o "Malhoa de 1930", referem a tipicidade e aspectos pitorescos da cidade, num formulário que transpõe para imagens captadas nas antigas colónias portuguesas, quando se dispôs a um périplo africano. Depois de uma viagem ao Brasil, recolhe idealizados ritmos de vivências africanas, em obras demasiado estilizadas para o gosto de Henrique Galvão, inspector superior da Administração Colonial, que através de Barradas se opunha a Ferro e ao SPN, valorizando a necessidade de uma escola de arte colonial e o documentário artístico que Fausto Sampaio faria. Jorge Barradas permaneceu algumas semanas na ilha de São Tomé e realizou Paisagem tropical, em 1930, numa pintura que traduz o seu olhar sobre a ilha de São Tomé, a visão de uma vegetação luxuriante, entendida numa variedade cromática que adensa a imagem de floresta, em formas lineares de folhas sobrepostas e sequenciais, preenchendo todo o espaço da tela. Esta linha modernista de representação da paisagem, de referências fauve, convive com a simplificação da forma e os vibrantes contrastes de cor, num plano aproximado do espectador. (Maria Aires Silveira)