Representação de uma casa tradicional da região de Lautem, a região mais a leste de Timor-Leste. Segundo a caracterização de Cinatti (1987), na arquitectura tradicional timorense existem sete tipos de casas. Uma dessas regiões, Lautem, é povoada por populações de língua dagadá, do grupo étnico linguístico Fataluku, “construtoras de habitações de surpreendente originalidade e beleza plástica".
A região apresenta um povoamento concentrado em aldeamentos compostos por 40 a 50 casas, algumas de usufruto colectivo, que se dispõem ao longo das estradas ou junto das orlas florestais. A casa dagadá é a construção que mais surpreende em todo o país, segundo Cinatti "quer pela técnica e cuidado posto na obra, quer pela leveza e riqueza ornamental.” Em madeira, elevada a mais de três metros do solo, o pavimento assenta sobre um sistema complexo de vigamento em quatro grossos pilares. Acima das paredes da habitação evidencia-se a cobertura de quatro águas muito inclinadas, revestida de um manto fibroso e escuro de gamuti, que chega a elevar-se a onze e doze metros de altura. A um metro do solo e sob pavimento elevado da casa existe um estrado de madeira (Lautem). Desta plataforma inferior entra-se no coração da casa por meio de uma escada de mão e através de um alçapão aberto no sobrado. O interior é iluminado por uma ou duas pequenas janelas e orifícios de ventilação.
Ruy Cinatti e outros in Arquitectura Tradicional Timorense, p. 55-60 e 120-155; Manuel Correia Guedes in Arquitectura Sustentável em Timor-Leste, p. 32-40