Apresentada como prova de concurso para professor substituto da Academia de Belas Artes, em 1852, transmite uma serenidade, conseguida através do rigor do desenho e de uma articulação certa dos elementos que a constituem, de modo a compor um momento algo cenográfico.
Apesar de se tratar de uma tela de juventude, apresenta alguma liberdade no tratamento formal e regista os elementos fundamentais desenvolvidos na sua obra e também pela geração romântica: paisagem recolhida "ao natural", costumes do país e animalismo. Destaca-se uma ruralidade bucólica em que a artificiosidade da luz e a amplitude da composição enaltecem e intemporalizam a cena.
O suporte teórico e literário desta pintura encontra--se em Almeida Garrett, também ele estética e ideologicamente empenhado na valorização de motivos populares. O seu carácter naturalista e sentimental deixa antever uma nova pintura portuguesa, explorada na geração seguinte por Silva Porto.
(Maria Aires Silveira)
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