O artista não trabalhava em ateliê, pintava o que via, ao ar livre, com a preocupação de representar o efeito da luz sobre as paisagens, as figuras humanas e os interiores místicos de conventos e mosteiros. (Ana Liberato, diretora do MAB)
Santo Antônio da Barra (1958), de Alberto ValençaMuseu de Arte da Bahia
Este é um dos quadros de Valença que se distancia da resolução cromática impressionista. A pintura se transformou em cartão postal da cidade e uma das referências do MAB. Vê-se, junto ao mar, a antiga fábrica de xales, local onde hoje está o Iate Clube da Bahia.
Igreja de Santana e Casario (1949), de Alberto ValençaMuseu de Arte da Bahia
Valença pintou esta obra a partir da janela da Escola de Belas Artes, no Solar Jonathas Abbott (Centro Histórico de Salvador), antiga residência do médico inglês que reuniu a primeira pinacoteca de artistas baianos.
O POETA DAS CORES
"A pintura de Valença era isenta de truques. A harmonia poética que fluía das paisagens estava na sinceridade de cada pincelada, posta como as palavras de um soneto, com uma rima cromática difícil de se encontrar". (Hector Bernabó, Carybé)
"Mãe de Deus das candeias
Senhora de tanta luz
Quem vai doente, vem são
Quem vai cego, vem com luz"
Maria Bethânia | Mãe de Deus das Candeias
VALENÇA ERA UM MESTRE E SUA OBRA É ETERNA
Mesmo tendo vivido cerca de dois anos na França, pintando as paisagens da região da Bretanha, quando se identificou com o estilo impressionista, teve a Bahia como principal inspiração.
NA BRETANHA
Valença morou por um ano (1926 a 1927) na Bretanha, onde produziu numerosos estudos das paisagens bretãs, pinturas de plein air (ar livre). Ele trabalhava diretamente sobre a tela, considerando que o clima, a temperatura e a umidade determinavam o movimento das cores.
O ATO DE PINTAR RETRATOS TINHA DE SER A PARTIR DA PRESENÇA HUMANA. NÃO GOSTAVA DE TRABALHAR COPIANDO FOTOGRAFIAS.
Retrato de Manuel Lopes Rodrigues, pintor, desenhista e professor. Filho de João Francisco Lopes Rodrigues com o qual iniciou os seus estudos e colaborou com o pai para a criação da Academia de Belas Artes da Bahia, em 1877.
Mulata Baiana (1930), de Alberto ValençaMuseu de Arte da Bahia
Valença usou, nesta obra, técnica de pintura vazada. Mesmo sendo retrato, o fundo abstrato procura trazer as cores da natureza em contraste com o lenço vermelho da cabeça. Sem ser tão realista como uma fotografia, a expressão e feições da modelo estão claramente perceptíveis e delineadas.
Retrato de João da Silva Campos (1941), de Alberto ValençaMuseu de Arte da Bahia
Retrato do escritor baiano João da Silva Campos (1880-1940), nascido no dia 27 de janeiro de 1880, em Santo Amaro-BA. Engenheiro, geógrafo, historiador e autor de uma série de livros e documentos sobre história.
Retrato do Pintor Francisco Mana (1933), de Alberto ValençaMuseu de Arte da Bahia
Retrato do pintor Francesco Manna, nascido na Sicília, Itália, em 1879. Era ainda criança quando sua família transferiu-se para o Brasil, fixando-se em Porto Alegre, em 1888. Em 1896, passou a ter aulas de pintura e, dois anos depois, realizou uma grande exposição na Galeria Rembrandt, no Rio de Janeiro.
Retrato de Alberto Valença (1950), de Presciliano SilvaMuseu de Arte da Bahia
Presciliano Silva fez com acuidade um desenho a carvão de Alberto Valença, em 1950. Os dois mantiveram uma estreita amizade e parceria que perduraria até a morte de Presciliano, em 1965, aos 82 anos, enquanto Valença, sete anos mais moço, viveria até 1983, depois de completar 93 anos.
Textos do livro "Conversando com a pintura de Alberto Valença: um romance biográfico", de Vera Spínola.
Ana Liberato
Diretora do Museu de Arte da Bahia
Curadoria:
Mateus Brito
Olivia Biasin