Vistas e Igrejas de Salvador

Paisagens, vistas panorâmicas, marinhas e igrejas, revelam belezas naturais e arquitetônicas da velha São Salvador, entre o século XIX e a primeira metade do século XX.

Porto de Salvador no século XIX (1859), de Joseph Leon RighiniMuseu de Arte da Bahia

VISTA DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS

“Sob rico e dourado esplendor solar dos trópicos e um reluzente céu azul, chegamos às 10 horas, de coração alegre, à grande extensa Baía de Todos os Santos. Foi um desses momentos felizes em que, no sentido lato da palavra, se nos abre um mundo novo, quando desejaríamos ter cem olhos para observarem as maravilhas desconhecidas que nos revelam ininterruptamente e de todos os lados; um desses momentos em que, em meio à alegria, surge o pesar de não percebermos tudo, de não gravarmos tudo na memória. Embora a alma, infelizmente, desfrute do rico panorama apenas fugaz, a descrição do mesmo, através da palavra escrita, contudo, é somente uma pálida fotografia. A água da extensa baía era azul-safira (...).” (Maximiliano de Habsburgo, 1865)

Igreja do Bonfim

Solar do Unhão

Igreja da Santíssima Trindade (1954), de João Alves da SilvaMuseu de Arte da Bahia

JOÃO ALVES | IGREJA DA SANTÍSSIMA TRINDADE

O pintor afro-brasileiro nasceu em 1906, em Ipirá-BA, e faleceu em 1970, em Salvador, onde trabalhou como engraxate, dentre outros ofícios. Devido à sua condição financeira, começou fabricando sua própria tinta e suas telas com madeira de pouca qualidade e tecido inferior.

João Alves engraxava sapatos no Centro Histórico e expunha suas pequenas telas para os clientes. Aos poucos, foi sendo reconhecido por nomes de destaque no cenário cultural, como Jorge Amado, Pierre Verger e Odorico Tavares. Só mais tarde, depois da fama, conseguiu manter-se com a pintura. João Alves não esboçava nem desenhava referenciado por fotos, pintando diretamente na tela. Era autodidata e seu trabalho foi classificado pelos críticos de arte como pintura primitiva.

Igreja do Rosário dos Pretos (1954), de João Alves da SilvaMuseu de Arte da Bahia

IGREJA DO ROSÁRIO DOS PRETOS

A Irmandade de Nossa Sra. dos Homens Pretos do Pelourinho, uma das primeiras confrarias de negros no Brasil, funcionou até 1704 na antiga Sé, quando recebeu autorização para a construção da sua igreja. Foi construída ao longo de quase um século.

Igreja da Ordem 3ª de São Francisco (1954), de João Alves da SilvaMuseu de Arte da Bahia

IGREJA DA ORDEM 3ª DE SÃO FRANCISCO

A primitiva igreja (1644), foi demolida, em 1686, para a construção de um novo templo, conforme a planta do mestre Gabriel Ribeiro, sendo inaugurado em 1703. Sua fachada, em calcário lavrado com cunhais de arenito, lembra o barroco plateresco da América Espanhola.

A igreja, recuada em relação à fachada do restante do conjunto, possui adro gradeado e dinâmico frontão. Seu interior barroco foi substituído em 1827-28 por talha neoclássica. O teto da nave é atribuído ao pintor Franco Velasco. O edifício forma com o Convento e a Igreja de São Francisco um dos mais monumentais conjuntos arquitetônicos da Brasil.

Catedral Basílica (1954), de João Alves da SilvaMuseu de Arte da Bahia

CATEDRAL BASÍLICA

Monumento do século XVII, foi o quarto templo construído pelos Jesuítas em Salvador e o último remanescente do conjunto arquitetônico do Colégio de Jesus.

Possui treze altares, sendo os dois primeiros em estilo renascentista maneirista, e a fachada é toda em mármore de Lioz, importado de Portugal. A Catedral Basílica é uma das mais importantes construções sacras do Brasil. Em seu entorno há construções criadas pelo artista.

Igreja da Conceição da Praia (1954), de João Alves da SilvaMuseu de Arte da Bahia

IGREJA BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DA PRAIA

É uma monumental edificação da Cidade Baixa de Salvador, próxima ao Mercado Modelo. Sua construção atual, a terceira no local, foi iniciada em 1739 e concluída em 1849. Em estilo barroco, feita toda de pedras de Lioz, numeradas uma a uma em Portugal e trazidas para a colônia. 

A pintura do forro da nave foi executada por José Joaquim da Rocha, considerado o fundador da Escola Bahia de Pintura.

Em 1946, foi elevada a Sacrossanta Basílica, quando o Papa Paulo VI declarou Nossa Senhora da Conceição da Praia padroeira do Estado da Bahia. Na representação do artista, sintética e objetiva, a composição tem um enquadramento frontal e conta com um imenso céu ao fundo, descartando a falésia de rocha da ladeira da Montanha que fica logo atrás da igreja.

Igreja da Boa Viagem (1954), de João Alves da SilvaMuseu de Arte da Bahia

IGREJA DA BOA VIAGEM

Em 1710 foi doado um terreno situado na cidade baixa, próximo à Ponta de Mont Serrat, à ordem de São Francisco que, dois anos depois, construiu uma igreja e um hospital no local. 

Sua fachada possui composição simples, realçada pelos azulejos do frontão com o brasão da ordem franciscana e por uma torre de terminação piramidal, revestida de azulejos pérola-nacarado.

Entre 1908 e 1912 passou por modificações e suas paredes térreas foram substituídas por pilares. Desde meados do século XVIII acontece todos os anos, nesta igreja, a Festa do Bom Jesus dos Navegantes, em 1º de janeiro.

Igreja do Bonfim (1954), de João Alves da SilvaMuseu de Arte da Bahia

IGREJA DO BONFIM

Theodózio Rodrigues de Faria, capitão de mar e guerra da marinha portuguesa e traficante de escravos, fez uma promessa durante uma tempestade de que, caso sobrevivesse, traria para o Brasil as imagens do Senhor Jesus do Bonfim, de quem era devoto, e da Nossa Sra. da Guia. 

Em 1745 uma réplica foi trazida de sua terra natal, Setúbal-Portugal, iniciando a construção da igreja. A capela foi concluída em 1772 e, no ano seguinte, a festa litúrgica passou a ser celebrada no segundo domingo de Epifania.

“Vejo, sim, o pintor da cidade, de suas casas, suas ruas, sua gente miúda da festa do Bonfim e da eterna mulher-dama do Pelourinho, das noites de São João, do mágico carnaval dos afoxés, das areias sob a lua e da cor desta cidade da Bahia, cor de João Alves, homem bom, de sofrida humanidade e generoso coração (...).” (Jorge Amado, 1964)

Igreja de Monte Serrat (1954), de João Alves da SilvaMuseu de Arte da Bahia

IGREJA DE MONTE SERRAT

A igreja e o mosteiro estão situados próximos ao forte de Monte Serrat, sobre uma rocha, na Península de Itapagipe. Alguns historiadores defendem que a fundação da primitiva ermida beneditina se deve a um militar espanhol, no século XVI. 

Similar a muitas capelas rurais da Bahia, sua planta é atribuída ao arquiteto italiano Baccio de Filicaia (1565-1628). Na pintura do artista foi adicionado um frontão com volutas, diferente do original. Suas representações eram baseadas em sua memória, sentimentos e inventividade composicional.

Igreja de Santo Antônio da Barra (1954), de João Alves da SilvaMuseu de Arte da Bahia

IGREJA DE SANTO ANTÔNIO DA BARRA

Situada sobre uma colina à beira-mar, é uma das três igrejas da cidade dedicada ao santo português. Foi fundada no século XVII, na Vila Velha, primeiro assentamento da cidade. A fachada é renascentista e as torres piramidais revestidas de azulejo.

Feira de Água de Meninos (1940), de Manoel Inácio de Mendonça FilhoMuseu de Arte da Bahia

MENDONÇA FILHO

O artista elegeu a marinha e o cotidiano dos pescadores como elementos principais para pesquisar a posição e os efeitos da luz, registrando aspectos geográficos e sociais da antiga Salvador. Vários de seus quadros tiveram como cenário a Feira de Água de Meninos, atual Feira de São Joaquim, tal qual esta pintura que focaliza a feira no seu contato com o mar, os saveiros e os comerciantes descarregando mercadorias.  Ao fundo, a Igreja da Ordem Terceira Santíssima Trindade e parte da cidade alta com casarios.

Estaleiro da Gamboa, de Manoel Inácio de Mendonça FilhoMuseu de Arte da Bahia

Antiga Sé da Bahia (1920), de Manoel de Inácio de Mendonça FilhoMuseu de Arte da Bahia

ANTIGA SÉ DA BAHIA

A Igreja do Santíssimo Sacramento da Sé - a 1ª do Brasil, situada entre a Igreja da Misericórdia e o Palácio Arquiepiscopal, na Praça da Sé, em Salvador, foi demolida, sob protestos, em 1933, para um projeto de modernização da cidade.

A demolição da Catedral foi justificada pelo interesse em modificar o trânsito e introduzir o bonde no sistema viário e urbano da cidade. A Antiga Sé tinha sua fachada voltada para a Baía de Todos os Santos e ocupava um considerável espaço. Atualmente, observa-se no local o monumento da Cruz Caída, do artista baiano Mario Cravo Jr.

Capela do Santíssimo Sacramento da Sé (1947), de Presciliano SilvaMuseu de Arte da Bahia

PRESCILIANO SILVA

Encontrou nos interiores silenciosos das igrejas o pretexto para a exploração emocional do contraste entre luz e sombra. A grande personagem da pintura de interiores de Presciliano é esse diálogo incessante entre a claridade e a escuridão.

Para Presciliano as trevas veem-se atenuadas, quando não vencidas, por um raio de sol que lhes dilacera as entranhas ou pelo brilho que se desprende das capelas douradas.

A Porta do Silêncio – Sala do Capítulo do Convento de São Francisco da Bahia (1963), de Presciliano SilvaMuseu de Arte da Bahia

O artista retratou um determinado ângulo da sala do Capítulo, cuja porta de duas folhas com grandes vidros deixa entrar a luz do sol. A sala revestida de painéis de azulejos azul e branco faz ressaltar as várias telas sacras com largas molduras douradas e elementos do barroco. Observam-se alguns móveis, como um banco e uma mesa de encostar (estilo D. José), entre dois genuflexórios. Em cima da mesa, um crucifixo.

Interior de São Francisco (1937), de Presciliano SilvaMuseu de Arte da Bahia

Recanto de uma sala do Convento de São Francisco. Piso de tabuado e paredes cobertas por painéis de azulejos em que predomina a cor azul. À esquerda, janela aberta por onde entra a luz que ilumina o ambiente. Um pouco abaixo da janela, as tradicionais “conversadeiras”.

Do lado oposto, banco de madeira, encimado por pequeno quadro e, acima deste, outro quadro apresentando o emblema dos franciscanos. Mais à direita, grande porta de almofadas com portada em arenito, encimada por grande crucifixo montado sobre uma composição de volutas.

Paisagem do Dique (1917), de Presciliano SilvaMuseu de Arte da Bahia

O Dique

Lagoa cercada por uma diversificada vegetação tropical - foi um dos pontos mais visitados da Bahia de outrora pela sua beleza natural e recôndita. Em meados do século XIX já era considerado uma área de lazer, onde os baianos costumavam passear e organizar piqueniques.

Com o crescente processo de urbanização da cidade, a flora do Dique tornou-se reduzida e a paisagem foi profundamente alterada, embora o local ainda seja um atrativo para moradores e turistas.

“Passeei a cavalo com o Sr. Dance e o Sr. Ricken pelas margens do dique, decididamente a mais bela paisagem deste belo país.” (Maria Graham, 1823)

Forte de Montserrat (1926), de Presciliano SilvaMuseu de Arte da Bahia

A primeira construção militar existente no local se refere aos anos de 1538 e 1587, quando era conhecido como Forte de São Felipe, denominação que perdurou até o início do século XIX. Possui forma de polígono irregular e seu desenho segue a escola italiana de fortificação. Do seu terrapleno, avista-se todo o porto da Baía de Todos os Santos.

Ladeira do Paço (1967), de Sá MenezesMuseu de Arte da Bahia

Créditos: história

Ana Liberato
Diretora do Museu de Arte da Bahia

Equipe:
Camila Guerreiro
Celene Sousa
Mateus Brito
Olivia Biasin
Verônica Rohrs

Créditos: todas as mídias
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