Sozinho, afastado e arisco ao contato com outras pessoas. O Índio do Buraco foi encontrado na região de Corumbiara, Rondônia, e acredita-se que o indígena se isolou após o homem branco ter massacrado seu povo. Por isso também nunca se soube ao certo sua etnia ou língua. O pouco de informação que se tem é que ele fazia buracos dentro das casas onde vivia, por isso o nome “Índio do Buraco”.
Antropólogo (2016), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Sérgio Cruz - Antropólogo
Fazendeiros tinham interesse em utilizar a área onde o Índio do Buraco vivia, por isso alegavam que se tratava de uma lenda e que ali não existia ninguém. Então, monitorar a região e procurar indícios ou rastros do indígena era fundamental não só para conhecer um pouco mais da sua cultura como também para a própria segurança dele e da terra.
Indigenista (2016), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Ivaneide Bandeira, “Neidinha” - Indigenista
"Espera" (1995), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Ivaneide Bandeira e outros funcionários da Kanindé fizeram a vigilância nas proximidades do Índio do Buraco por anos. Nesta foto temos uma “espera” feita pelo indígena para caça. A pessoa constrói uma estrutura para ficar acima do solo e, portanto, fora da linha de visão de certos animais.
Vestígios (1995), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Todos os tipos de pistas ou detalhes são importantes para localizar índios isolados. Aqui foram encontrados restos de uma fogueira utilizada para preparar uma ave chamada mutum.
Indigenista (2016), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Ivaneide Bandeira, “Neidinha” - Indigenista
Diário (1995), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
“Encontramos vestígios sempre à margem direita do trincheira (quebradas) e direita do Corumbiara. Eram quebradas recentes de aproximadamente uma semana.” Diário de campo de Ivaneide Bandeira ("Neidinha")
"Quebrada" (1995), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
"Quebrada" que sinaliza a passagem de alguém. O mesmo também pode ser feito por animais, porém, neste caso seriam encontradas marcas de dentes.
“Andamos em frente eu, Rogério e Alemão e Evandro e Paulo foram pelo outro lado. Andamos 30 metros encontramos um acampamento, senti uma emoção imensa, era recém feito de 5 a 10 dias, cheio de casco de jabuti e 1 de tatu que foram assados. Tinha duas fogueiras e palha no chão para deitar. Segundo os meninos é um acampamento de caça. Resolvemos deixar um machado para presente. Fizemos uma marca no machado.” Diário de campo de Ivaneide Bandeira ("Neidinha")
Kanoê (1995), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Em meio às buscas pelo Índio do Buraco, outro grupo foi encontrado, uma família da etnia kanoê. O contato foi feito em 1995 e o povo estava próximo do rio Omerê, um afluente do Corumbiara. Os kanoê também haviam sido massacrados pelo homem branco, contudo, não só aceitaram a presença do não indígena como também ajudaram a procurar vestígios do Índio do Buraco.
Rastros (1995), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
A presença dos kanoê nas expedições para procurar o Índio do Buraco foi fundamental porque já tinham grande conhecimento da floresta e da região.
Indigenista (2016), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Ivaneide Bandeira, “Neidinha” - Indigenista
Aldeia Akun'su (1995), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Ainda em meio às buscas pelo Índio do Buraco, encontrou-se também outra etnia, os Akun’su (ou Akuntsu). O povo estava na mesma região e o contato foi feito em 1995.
Akun'su (1995), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Akun’su
Antropólogo (2016), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Sérgio Cruz - Antropólogo
Buraco (1995), de Acervo KanindéKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
A equipe da Kanindé de fato localizou onde estava o Índio do Buraco, o que foi imprescindível para comprovar sua existência e garantir sua proteção. Porém, decidiu-se não fazer contato a fim de preservá-lo, já que os registros feitos já eram suficientes para conseguir a defesa da terra.
Corumbiara (2009), de Vincent CarelliKanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Apesar do indígena ter resistido ao contato, o cineasta Vicent Carelli conseguiu os únicos registros do homem, arredio e ameaçando atacar a equipe de filmagem. O trecho é parte do documentário Corumbiara. Desde então, o Índio do Buraco nunca mais foi visto.
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