Autógrafo Garrincha, de Acervo Marcelo MonteiroMuseu do Futebol
Todo apaixonado pelo futebol guarda em suas lembranças os lances emocionantes, as partidas decisivas, os ídolos imortais, as alegrias e tristezas que o esporte lhe proporcionou ao longo da vida. Mas, como conservar tantos momentos que, pouco a pouco, se diluem no tempo?
É assim que o amante da bola sente a necessidade de registrar no papel, de diversas formas, o que de mais importante vivenciou. Anotar, desenhar, relatar e colecionar são ações que demonstram uma experiência afetiva com o futebol.
Álbum Futebol, de Acervo Moacir Andrade PeresMuseu do Futebol
Imagens trazidas à luz pelos entusiasmados colecionadores que, por anos a fio, preservaram um sem-número de jornais, revistas, cadernetas, álbuns, cartões postais, selos, figurinhas, ingressos, carteirinhas, cartazes e embalagens.
Confira este universo visual de texturas e cores na exposição FUTEBOL DE PAPEL, um amplo mosaico de inesquecíveis memórias compartilhadas.
Ingresso Copa de 1950 (1950), de Acervo Marcelo MonteiroMuseu do Futebol
UM ESTÁDIO MONUMENTO
Nos anos 1930, o futebol já atraía multidões de torcedores. Foi nessa década que se decidiu que a cidade precisaria de um estádio monumental, capaz de acomodar o público desse espetáculo. Iniciada em 1936, após a doação de um terreno de 75 mil m2 pela Cia City, a construção do Estádio Municipal levou 4 anos e contou com a força de mil operários.
Ingresso de inauguração do Estádio do Pacaembu. (1940/1949), de Direitos ReservadosMuseu do Futebol
A GRANDE INAUGURAÇÃO
Mais de 50 mil pessoas assistiram à inauguração do Pacaembu, em 27 de abril de 1940. 10 mil atletas de diferentes estados e países desfilaram no novo gramado. As tarifas de trem foram reduzidas no dia do evento para incentivar o deslocamento do público.
Cartaz "Vamos ao Estádio" (1940), de Acervo Leonardo RomanoMuseu do Futebol
ENFIM, O FUTEBOL
A bola rolou no gramado do Pacaembu em 28 de abril de 1940. Rodada dupla. O Palestra Itália venceu o Coritiba por 6 a 2 e o Corinthians, campeão de 1939, derrotou o Atlético-MG por 4 a 2.
FUTEBOL NA PRATELEIRA
Caixas de chocolate, caixas de cereal, latas de bebida... Periodicamente, o futebol toma de assalto as embalagens de produtos. E já era assim há muito tempo. Nessa coleção, com objetos a partir dos anos 1920, você pode ver embalagens de fósforos e cigarros decorados com times e craques.
FÁBRICA DE CIGARROS SUDAN
Localizada em Jundiaí (São Paulo), a Sudan foi o maior fabricante de cigarros dos anos 1930 e 1940. Acertou em cheio no seu garoto propaganda: Leônidas da Silva, herói da Copa de 1938. Antes de estampar a caixa da Sudan, Leônidas havia vencido com 300 mil votos o concurso dos cigarros Magnólia.
Figurinha Leônidas da Silva, de Acervo Moacir PeresMuseu do Futebol
Quando chegou ao São Paulo Futebol Clube, em 1942, Leônidas da Silva estava desacreditado... mas, sua estreia, contra o Corinthians, marcou o recorde de público no Pacaembu: 71.281 torcedores. Com a renda do jogo, o São Paulo recuperou os investimentos da compra do jogador.
Documento Leônidas da Silva (1943/1944), de Acervo São Paulo F.C.Museu do Futebol
DO GRAMADO PARA O PAPEL
Destaque na conquista do título de 1943, o “Diamante Negro” foi fundamental para que o São Paulo se tornasse uma potência nacional. Aqui você vê os comprovantes de recebimento do salário por partida jogada.
Nosso Jornal (1967), de Acervo Museu do FutebolMuseu do Futebol
SALVE O XXV DE JANEIRO
O metalúrgico João Baptista dos Santos dedicava o "Nosso Jornal" ao varzeano XXV de Janeiro, de Perdizes, que atuou entre 1956 a 1984.
Nosso Jornal (1963), de Acervo Museu do FutebolMuseu do Futebol
Nas 376 edições entre 1961 e 1981, feitas à mão com caligrafia bem característica e colagens, Nosso Jornal noticiava os acontecimentos do bairro e do time.
Seu autor declamava os valores democráticos de seu time em plena ditadura militar!
Nosso Jornal (1963), de Acervo Museu do FutebolMuseu do Futebol
As 220 edições que João Baptista doou ao Museu do Futebol foram higienizadas e digitalizadas e podem ser consultadas na Biblioteca e Midiateca do Centro de Referência do Futebol Brasileiro do Museu do Futebol.
A FIGURINHA NO BRASIL
A primeira coleção de figurinhas de esporte de que se tem notícia no Brasil surgiu em 1919, com as Balas Sport. Produzidas pela Grecchi & Cia., fábrica paulistana de doces, ostentavam em sua coleção Amílcar Barbuy, jogador do Corinthians e da seleção brasileira que conquistou o Sul-Americano do mesmo ano.
Álbum Futebol, de Acervo Moacir Andrade PeresMuseu do Futebol
BALAS FUTEBOL
Em 1938, a fábrica de balas Americana lança “Balas Futebol”, a primeira coleção de figurinhas a possuir um álbum. Circulou até 1960, trazendo novidades como prêmios e figurinhas carimbadas.
CRAQUES DA ILUSTRAÇÃO
Os álbuns Balas Futebol contavam com ilustrações primorosas elaboradas pelos artistas Nino Borges, entre 1944 e 1949, e Miécio Caffé, de 1950 a 1960. As ilustrações deram vida ao mascote Futebolino, estampado nas capas a partir de 1942.
NO RASTRO DAS BALAS
Ao longo dos anos 1940 e 1950, surgiram outros álbuns, como as Balas Centroavante, as Balas Federação e as Balas Centro-Goal. Além dos prêmios, as coleções também incluíram, aos poucos, clubes do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.
MARCOS CARNEIRO DE MENDONÇA
Um dos primeiros grandes ídolos do futebol brasileiro. Goleiro do Fluminense, foi titular no primeiro jogo da Seleção Brasileira e participou do seu primeiro título, o Campeonato Sul-Americano de 1919.
O 1º Goal Uruguayo (1919), de Acervo Marcos Carneiro de MendonçaMuseu do Futebol
De técnica refinada e modos aristocráticos, o goleiro atraía os olhares da imprensa. Colecionou recortes, fotografias e súmulas de jogos, que escrevia de próprio punho.
Notícias Marcos Carneiro de Mendonça (1918), de Acervo Marcos Carneiro de MendonçaMuseu do Futebol
Em dois grandes cadernos de papel pardo, o goleiro guardava recortes de jornal, cartas, fotografias, postais e anotações.
Os álbuns de Marcos Carneiro de Mendonça, depositados na Biblioteca Nacional, são nas palavras de Mario Filho “o mais completo repositório dos acontecimentos do futebol de 1910 a 1919”.
ENCICLOPÉDIA DO FUTEBOL
Com um extenso repertório de jogadas e muita técnica, Nílton Santos ganhou o apelido de “A Enciclopédia”. O maior lateral-esquerdo de todos os tempos também tinha outra fama, a de contador de histórias. Em 1998, publicou sua autobiografia, “Minha bola, minha vida”.
Álbum Botafogo (1919), de Acervo Botafogo de Futebol e RegatasMuseu do Futebol
Álbum Botafogo (1930), de Acervo Botafogo de Futebol e RegatasMuseu do Futebol
Álbum Santa Marina (1942), de Acervo Santa MarinaMuseu do Futebol
SANTA MARINA ATLÉTICO CLUBE
Time amador de origem operária, fundado em 1913 por trabalhadores da antiga Companhia Vidraria Santa Marina.
Localizado no bairro da Água Branca, zona oeste de São Paulo. Possui um verdadeiro museu em sua sede, com fotografias, troféus e relíquias.
Álbum Açucena (1924), de Acervo Dirceu PalaesMuseu do Futebol
ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA AÇUCENA
Fundada em 1924, no bairro do Limão, notabilizou-se como um dos times mais respeitados do futebol de várzea em São Paulo.
Até sua extinção, na década de 1970, o clube ganhou apelidos como “O recordista” e “O quase instransponível” entre seus rivais, o Santa Marina e o Lapeaninho, da zona oeste da cidade.
O MAIOR ESTÁDIO DO MUNDO
Inaugurado em 16 de junho de 1950, com o objetivo de sediar a quarta edição da Copa do Mundo de Futebol, o Estádio Municipal do Rio de Janeiro foi construído em apenas um ano e dez meses e por mais de dez mil operários. Cariocas e Paulistas foram os adversários do primeiro jogo, com gol de Didi, inventor do folha-seca, e vitória da seleção da casa por 3 a 1.
Pôster Copa de 1950 (1950), de Acervo Giacomo AlbaneseMuseu do Futebol
Segundo os jornais de época, se empilhados, os sacos de cimento da construção do estádio corresponderiam a duas vezes a altura do Pão de Açúcar. Não à toa, esse morro e o Maracanã são, até hoje, símbolos do Rio. E, mesmo com a distância geográfica entre ambos, figuram juntos nos postais e cartazes da época da inauguração.
AUTÓGRAFOS
Na preparação para a Copa de 1958, em Poços de Caldas (Minas Gerais), Marcos Nastrini, então com 11 anos, coletou em sua pequena caderneta autógrafos do time que se faria campeão, com Pelé ainda assinando “Edson Arantes”. Na ordem das assinaturas: Dida, Pampolini, Dino Sani, Carlos de Castro Borges (Cacá), Carlos Alberto Cavalheiro, Gilmar, Pelé, Mário Américo (massagista), Zito, Gino Orlando, Zagallo, Altair, Didi, Evaristo de Macedo, De Sordi, Vavá, Mazzola, Jadir, Djalma Santos, Oreco, Formiga, Canhoteiro, Zózimo, Moacir, Castilho, Almir Pernambuquinho, Joel e Zizinho.
Pôster Copa de 1970 (1970), de Acervo Marco Antonio LopesMuseu do Futebol
O personagem presente no pôster é Juanito, o mascote da Copa do Mundo de 1970, no México.
A comunicação visual e a tipografia do cartaz da Copa de 1970 são as mesmas do cartaz dos Jogos Olímpicos de 1968, também sediados no México.
Este pôster foi autografado pelos 22 jogadores brasileiros convocados para aquele torneio.
Pelé (1965), de Acervo Marcelo MonteiroMuseu do Futebol
Todas as imagens são reproduções de coleções pertencentes a:
Álbuns de Figurinhas e Figurinhas: Moacir Andrade Peres
Álbum de Marcos Carneiro de Mendonça: Fundação Biblioteca Nacional
Álbum do Açucena: Dirceu Palaes
Álbum do Santa Marina: Santa Marina Atlético Clube
Álbum do Botafogo: Botafogo de Futebol e Regatas
Autógrafos: Marcelo Monteiro e Marcos Nastrini
Cartões Postais: Leonardo Romano
Documentos de Leônidas da Silva: Acervo do São Paulo Futebol Clube
Embalagens: Antonio Fiaschi Teixeira
Ingressos: Claudio Gonçalves e Antonio Munhoz e Marcelo Monteiro
Álbum Futebol, de Acervo Moacir Andrade PeresMuseu do Futebol
Agradecimentos
Argeu Affonso, Associação Atlética Açucena, Associação Portuguesa de Desportos, Barbara Heliodora, Bernardo Buarque de Hollanda, Botafogo de Futebol e Regatas, Bruno Castro, Bruno Sena, Clara Azevedo, Coca Albers, Erilma Leal, Fluminense Football Club, Francisco Ingegnere, Fundação Biblioteca Nacional, Gabriel Gonçalves, ILPI Butantã, José Carlos Asbeg, José Paulo Florenzano, Julio Graco, Leonel Kaz, Luis Eduardo Tavares, Luiz Dirceu Palaes, Margarida Menezes, Maria José Fernandes, Maria Luiza, Mauro Amorim, Mauro Saraiva, Memofut, Michael Serra, Michael Serra, Mônica Rizzo Soares Pinto, Paulo Michelin, Roberto, Rose Ingegnere, Rudi Böhm, Ruy Rubio, Santa Marina Atlético Clube, São Paulo Futebol Clube, Vital Curto, Vitor Eidelman, Wanderley Frare Junior.
Background (2013), de Gabriela MuninMuseu do Futebol
Essa exposição é baseada na mostra temporária que esteve em cartaz na sede do Museu do Futebol de 30 de novembro de 2013 a 27 de abril de 2014.
Para mais informações sobre a mostra, acesse: Futebol de Papel
Exposição Futebol de Papel
Curadoria | Equipe de Conteúdo do Museu do Futebol
Concepção Curatorial | Leonel Kaz
Cenografia e direção de arte | Jair de Souza Design
Coordenação geral | Daniela Alfonsi
Versão original - 2013
Pesquisa, produção e textos | Aira Bonfim, Ariana Marassi, Bruna Gottardo, Camila Aderaldo, Felipe dos Santos, Gabriela Munin, Julia Terin, Mariana Chaves
Edição Google | Gabriela Munin e Daniela Alfonsi
Tradução | Felipe Faraone
Versão revisada - 2018
Coordenação | Camila Aderaldo
Adaptação, edição google e tradução | Ana Letícia de Fiori