Araucária: um fóssil-vivo ameaçado de extinção

De florestas antigas à beira da extinção, conheça a história da araucária e os esforços urgentes de conservação para salvar esse fóssil vivo.

Araucaria mirabilis (fóssil) (10 de junho, 2011), de James St. JohnFonte original: Wikimedia Commons

Fóssil vivo

Poucas plantas apresentam aparência mais pré-histórica do que aquelas do gênero Araucaria. O registro fóssil mostra que os seus representantes sobreviveram aos dinossauros e quase não sofreram mudanças nos últimos 200 milhões de anos.

Araucaria araucanaFonte original: Gardenia, creating gardens

Seus ramos são cobertos por folhas coriáceas e pontiagudas, sendo que as árvores não soltam folhas, mas sim ramos inteiros.

Araucaria araucana no Chile (10 de julho, 2007), de Grm.gustavoFonte original: Wikimedia Commons

Algumas espécies têm copas em forma de candelabro ou umbela

Araucaria columnaris na New Caledonia (02 de julho, 2009), de my LifeShow from Paris, FranceFonte original: Wikimedia Commons

mas a maioria possui copas mais colunares ou em formato de cone.

Distribuição de Araucaria (04 de dezembro, 2007), de Lutz KunzmannFonte original: Semantic Scholar

As araucárias pelo mundo

Atualmente, o gênero apresenta 20 espécies que ocorrem em áreas isoladas do Hemisfério Sul, sendo que a Nova Caledônia abriga mais da metade dessas espécies.

Araucaria angustifolia in Brazil (09 de maio, 2015), de Everson José de Freitas PereiraFonte original: Wikimedia Commons

Pinheiro-brasileiro

No Brasil existe a Araucaria angustifolia, também conhecida como Pinheiro-brasileiro ou Pinheiro-do-Paraná.

Ditribuição de Araucaria angustifoliaCRIA - Centro de Referência em Informação Ambiental

Trata-se de uma espécie encontrada principalmente nas regiões sul e sudeste do Brasil, com pequenas populações na Argentina e no Paraguai.

Flora Brasiliensis: Vol. I, Part I, Fasc. See Urban Plate 5 (1906)CRIA - Centro de Referência em Informação Ambiental

Araucária na Flora Brasiliensis

Durante sua célebre viagem pelo Brasil (1817-1820), o botânico von Martius passou por diversos trechos com araucárias. Detalhes sobre essas passagens encontram-se no primeiro volume da Flora Brasiliensis.

Vol. I, Part I, Fasc. See Urban Plate 39 (1906)CRIA - Centro de Referência em Informação Ambiental

A gravura anterior (litografia n. 5) ilustra como eram os Campos Gerais de São Paulo, enquanto a gravura desta tela (litografia n. 39) mostra uma floresta primeva de Minas Gerais.

August Wilhelm EichlerFonte original: Museen Nord

August Wilhelm Eichler (1839-1887)

O tratamento taxonômico de Araucariaceae da Flora Brasiliensis ficou ao encargo do botânico alemão August Wilhelm Eichler e foi publicado em 1863.

Vol. IV, Part I, Fasc. 34 Plate 110 (1863-07-10)CRIA - Centro de Referência em Informação Ambiental

Eichler e a araucária

Eichler reconheceu uma única espécie de Araucariaceae para o Brasil, sob o nome de Araucaria brasiliana.

Vol. IV, Part I, Fasc. 34 Plate 111 (1863-07-10)CRIA - Centro de Referência em Informação Ambiental

Estruturas reprodutivas

Famoso por seus estudos comparativos com as flores de angiospermas, Eichler também descreveu em detalhes as estruturas reprodutivas da araucária.

Vol. IV, Part I, Fasc. 34 Plate 112 (1863-07-10)CRIA - Centro de Referência em Informação Ambiental

Pinhas ou pinhões

Geralmente, a produção de estróbilos femininos (também conhecidos como pinhas) se inicia por volta dos 15 anos de idade. Cada pinha demora até 2,5 anos para estar madura e pode conter entre 10 e 150 sementes (também conhecidas como pinhões).

Papagaio-charão, de Haroldo Palo Jr.Fonte original: Papagaios do Brasil

Pinhões como fonte nutritiva

Os pinhões são uma valiosa fonte de alimento para diversas espécies de aves e mamíferos, como gralhas, papagaios, porcos-do-mato, roedores e bugios. Além disso, estima-se que a espécie esteja perdendo aproximadamente 3.400 toneladas anuais de sementes para o consumo humano.

Araucarias in Paraná (1884), de Marc FerrezFonte original: Instituto Moreira Salles

Os homens e a araucária

Mas o impacto negativo dos homens sobre a araucária vai muito além disso, pois a busca frenética por madeira já destruiu 97% de sua cobertura original, que era de 200.000 km² na época em que Martius esteve no Brasil.

Madeireira Lumber (1918), de DesconhecidoFonte original: História de Três Barras

Ameaçadas de extinção

Desmatamentos e mudanças climáticas continuam sendo sérios riscos à espécie, o que segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) coloca a espécie em Perigo Crítico de Extinção.

Mudas de Araucaria, de DesconhecidoFonte original: Green School

Conservação pelo uso

Mais recentemente, governos, setor privado e sociedade civil têm se esforçado para mudar esse cenário. Algumas iniciativas seguem no sentido de estimular novos plantios e a possibilidade de usos e geração de renda com a espécie. A chamada "conservação pelo uso".

Floresta com Araucaria (28 de abril, 2014), de Ana TaemiFonte original: Wikimedia Commons

O futuro da Araucária

A geração de serviços ambientais representa uma possibilidade real de fazer frente à destruição. A criação de novas Unidades de Conservação e manutenção daquelas já existentes também são essenciais para a preservação da espécie. O futuro da Araucária está em nossas mãos!

Créditos: história

Pesquisa e redação: Fernando B. Matos (CRIA)
Montagem: Fernando B. Matos (CRIA)
Revisão: Luiza F. A. de Paula (UFMG/CRIA); Renato De Giovanni (CRIA)
Referências: Flora Brasiliensis (http://florabrasiliensis.cria.org.br/opus); Viagem pelo Brasil (https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/573991)
Informações adicionais: http://florabrasiliensis.cria.org.br/stories
Agradecimentos: Aos autores de todas as imagens utilizadas na história.

*Todos os esforços foram feitos para creditar as imagens, áudios e vídeos e contar corretamente os episódios narrados nas exposições. Caso encontre erros e/ou omissões, favor entrar em contato pelo e-mail contato@cria.org.br

Créditos: todas as mídias
Em alguns casos, é possível que a história em destaque tenha sido criada por terceiros independentes. Portanto, ela pode não representar as visões das instituições, listadas abaixo, que forneceram o conteúdo.
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