Leonardo: engenharia hidráulica e de navegação

Com Leonardo da Vinci, descobrimos a arte de "mover a água de um lugar ao outro".

PADDLE BOATNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

O interesse de Leonardo pelos primórdios da engenharia hidráulica foi documentado em sua carta escrita a Ludovico il Moro, em que afirmou que sabia conduzir a água de um local para outro. Nos anos do primeiro período florentino de Leonardo, ele demonstrou interesse pela água e pelo potencial de explorá-la, desde em canais até em maquinaria.

Draga cavafango, particolare, de Luigi TursiniNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Embarcações e navegação
Os estudos de Leonardo sobre embarcações estão relacionados à pesquisa dele sobre a arte da guerra e a engenharia militar. Entre os exemplos mais interessantes estão alguns estudos sobre barcos a remo do primeiro período florentino.

Project for the Paderno lock, detail, de Nicola RossiNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Observação dos canais de água de Milão

A dinâmica escola de hidráulica da Lombardia foi uma fonte de estudo que estimulou a curiosidade de Leonardo, marcando a trajetória do gênio como uma experiência educativa extremamente importante durante os anos em Milão. Leonardo estudou não apenas grandes rios como o Adda e o Ticino, mas também cursos de água menores, como o Nirone. Acima de tudo, foram os Navigli, canais artificiais da cidade, que mais chamaram a atenção do inventor.

Draga cavafango, particolare, de Luigi TursiniNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Acionados pela força humana e uma série de engrenagens, esses barcos fazem referência à tradição da engenharia toscana de usar esse tipo de mecanismo.

Veduta della Conca dell’Incoronata, MilanoNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Observação dos Navigli

Leonardo dedicou muita atenção especificamente ao Naviglio Grande (Grande Canal, em italiano). Da Vinci fez desenhos dele em vários fólios e destacou a importância econômica do canal, não só em termos de transporte, como também para a irrigação. Além dos canais, Leonardo estudou outros trabalhos da engenharia hidráulica lombarda. Durante a permanência em Vigevano, em 1493, ele descreveu um engenhoso trabalho de drenagem de pântanos por meio de uma escada de água.

Wooden gates of the San Marco lock for the Martesana canal, detailNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Estudos e propostas de melhorias

Ao observar e examinar as eclusas em uso no sistema hidroviário milanês, Leonardo descreveu e talvez tenha projetado algumas melhorias, embora seja difícil estabelecer com certeza se os desenhos representam obras de construção existentes ou propostas originais.

Pavimentazione per conche di canaliNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Vias navegáveis em Veneza, Toscana, Lácio e França

Depois de sair de Milão, Leonardo esteve a serviço da República de Veneza em 1500. Devido a preocupações com o avanço do exército turco, ele foi enviado para Friuli, onde concebeu um bloqueio defensivo que usava cursos de água para inundar uma parte do vale de Isonzo, entre Gorizia e Gradisca.

Ponte canale con chiusa a porte battenti, de De Rizzardi AlcideNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Leonardo em Florença

Em 1503, depois de voltar a Florença, ele foi encarregado de estudar vários projetos de engenharia hidráulica, geralmente com fins militares. Além disso, ao desenvolver todo o conhecimento acumulado na Lombardia, Leonardo esboçou um projeto para unir Florença ao mar por meio de um canal navegável que passaria por Prato e Pistoia até Pisa.

Cassone di palancolate mobili per fondazioni subacquee, de De Rizzardi AlcideNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Leonardo em Roma

Durante a estadia em Roma entre 1513 e 1515, quando estava a serviço de Giuliano de Medici, Leonardo ficou fascinado pelo projeto de drenagem dos Pântanos Pontinos ao sul de Roma, que era considerado impossível durante o Renascimento. Embora tenha sido aprovado pelo Papa Leão X, o projeto nunca foi realizado devido à morte do pontífice.

Ponte di circostanza su doppia fila di cavallettiNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Leonardo na França

Os estudos mais recentes de Leonardo sobre hidrovias foram realizados durante os anos que passou na França. Em 1518, ele elaborou o projeto de um canal de irrigação entre Tours, Blois e o rio Saone para a construção de um palácio real em Romorantin.

Paratoia a ghigliottina, de De Rizzardi AlcideNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Comporta deslizante vertical

O estudo sobre uma comporta analisa a possibilidade de construir eclusas para superar diferenças de altitude ao longo de cursos de água com fluxo irregular. A comporta regulava a abertura da eclusa por meio de dois movimentos sucessivos. Primeiro, era elevada pela rotação da barra ao redor de si mesma e, uma vez atingido o ponto mais alto, era levantada por um guincho. Com esse método, era possível que até embarcações altas com velas passassem pelo dique.

POLE HAMMERNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Bate-estaca
O bate-estaca é uma máquina com uma marreta, geralmente usada no estaqueamento de diques, fundações e consolidação de margens de rios. Leonardo criou esse desenho logo depois de voltar a Florença.

A máquina é formada por uma marreta cilíndrica que se movimenta entre duas guias verticais. A extremidade superior da marreta é presa a uma guia conectada a um guincho, que é acionado por uma engrenagem.

POLE HAMMERNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Quando a marreta atinge o ponto mais alto, duas reentrâncias nos trilhos fazem com que a mola que estava segurando a marreta se abra. A marreta cai, e o peso dela faz com que a estaca se enterre no solo. A operação é repetida várias vezes, até que a estaca chegue à profundidade desejada.

Ponte canale con chiusa a porte battenti, particolareNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Aqueduto navegável
Desenhado por Leonardo anos depois de voltar a Florença, esse aqueduto navegável permite que uma embarcação passe a outro curso de água por meio de um dique. O dique é formado por uma eclusa fechada nas extremidades por dois pares de comportas batentes, o que permite que a embarcação passe apesar da diferença do nível da água.

Uma vez que a embarcação entra no dique, as duas comportas se fecham. Na comporta de jusante, uma pequena porta secundária se abre, permitindo a descarga da água até que o nível da água na eclusa atinja a mesma altura que o canal a jusante.

Ponte canale con chiusa a porte battentiNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Depois disso, as comportas se abrem para permitir que a embarcação siga adiante. Isso facilita a abertura, já que as comportas não precisam superar a resistência da pressão da água para se abrir.

Chiusa a porte battenti, de De Rizzardi AlcideNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Dique com comportas batentes

Esse modelo de dique é do tipo de comporta batente: as duas comportas se juntam para formar um ângulo obtuso e ficam apoiadas contra o desnível, o que as deixa mais resistentes à pressão da água.

Studio dei portelli di chiusa. Campagna diagnostica (documentazione)National Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Comportas dos diques
As comportas dos diques do canal Martesana, descritas por Leonardo da Vinci. Elas contam um episódio fundamental da história e identidade da cidade de Milão.
Depois de 50 anos nos depósitos do Museu, uma operação de estudo, investigação e restauração foi iniciada em 2016, levando a uma exibição nas galerias do Museu.

Wooden gates of the San Marco lock for the Martesana canalNational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

DEA DREDGENational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Draga marítima
Essa embarcação para dragar portos marítimos é formada por dois cascos unidos por uma plataforma. A plataforma tem uma longa fenda no centro para a passagem de um cabo duplo, conectado a duas rodas fixadas nas extremidades dos cascos.

Uma caçamba escavadeira é fixada nos cabos duplos. Seis âncoras são montadas de cada lado nas extremidades dos cascos. O cabo duplo permite uma fácil extração e elevação da caçamba escavadeira, mesmo com forças de tração significativas. A quantidade de âncoras permite contrabalançar as forças a que a draga é submetida.

MUD DREDGENational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Draga de escavação de lama
Essa draga para limpar o fundo dos canais ou das bacias dos lagos foi estudada por Leonardo durante os últimos anos em Milão. Ela retoma desenhos análogos de Francesco di Giorgio Martini. Posicionada sobre dois barcos, ela tem um tambor cilíndrico em que são montados quatro braços com lâminas de dragagem nas extremidades.

MUD DREDGENational Museum of Science and Technology Leonardo Da Vinci

Ao retirar a terra do pântano, a lama ou as pedras caem em uma balsa atracada entre os dois barcos. A profundidade da escavação é regulada pelo ajuste vertical do tambor em que as quatro lâminas são fixadas. Um ponto interessante do projeto é o avanço da draga por meio do cabo de ancoragem: enquanto a roda gira para escavar lama, um cabo conectado à margem é enrolado no eixo do tambor, o que faz com que a draga se desloque pela zona de escavação.

Créditos: história

Exposição do
Museo Nazionale della Scienza e della Tecnologia
Leonardo da Vinci

Via San Vittore 21
Milão

www.museoscienza.org

Créditos: todas as mídias
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