Monumental ensemble of Soutomerille (2020)Regional Government of Galicia
1. Ruínas
Todo o território galego está pontilhado de construções antigas. Muitas sobreviveram ao passar do tempo, mas outras foram abandonadas por vários motivos. As ruínas que os peregrinos encontrarão no caminho evocam nostalgia do passado e das pessoas que as habitaram.
Monumental ensemble of Soutomerille (2020)Regional Government of Galicia
Soutomerille, localizada no Caminho Primitivo, perto de Castroverde, já foi um importante centro populacional do qual hoje quase não existem ruínas. A exuberante natureza galega ocupou estas construções, em um dos recantos mais mágicos de todo o Caminho.
Montouto Hospital (2020)Regional Government of Galicia
As origens deste lugar opressor e solitário se perderam no tempo. Montouto, no Caminho Primitivo, alberga não só as ruínas do antigo hospital que acolhia os peregrinos do século XIV ao XX. Possui ainda nas suas proximidades os vestígios arqueológicos do dolmen de As Pedras Dereitas.
Roman Temple of Santalla de Bóveda (3rd Century)Regional Government of Galicia
Ao longo do Caminho Primitivo, um edifício único é preservado no mundo: o templo romano de Santalla de Bóveda. Envolto em mistério sobre o seu uso original, é considerado um unicum (não há outro igual em todo o território romano). No seu interior conservam-se excepcionalmente as suas pinturas, que se encontram entre as mais antigas da Península Ibérica.
Cruceiro and granary on the Paseo de Monte Boi (2020)Regional Government of Galicia
2. Celeiros
Essência da arquitetura popular galega, os celeiros são construções sobre pilares, concebidas para manter os alimentos afastados da umidade e dos animais, de forma a mantê-los em ótimo estado de consumo. Hoje são peças patrimoniais do mais alto valor.
A Lastra, Baleira (2020)Regional Government of Galicia
O uso do celeiro estende-se por boa parte do norte da Península Ibérica. São especialmente abundantes na Galícia e parte das Astúrias, com exemplos também nas províncias de León e Zamora, na Cantábria e em algumas zonas do País Basco e norte de Portugal. A chegada antecipada de invernos frios e úmidos nesta área tornou necessária a realização de colheitas antecipadas.
Granaries in Olveiroa (2004)Fonte original: Axencia Turismo de Galicia
Muitos celeiros têm pequenas ranhuras nas paredes que permitem a ventilação no interior da construção. Em algumas zonas, como esta em Olveiroa (A Coruña), se agrupam junto à igreja, criando um conjunto arquitetônico muito vistoso e atrativo para os peregrinos.
O Cebreiro (2020)Regional Government of Galicia
Dependendo da zona da Galícia por onde passamos, veremos diferentes tipos de celeiros, com diferentes nomes locais. Este de O Cebreiro, semelhante aos que se erguem nas Astúrias, é amplo e quadrado. Atualmente funciona como uma loja.
Church of Santa María do Leboreiro (14th Century)Regional Government of Galicia
Junto à igreja de Santa Maria do Leboreiro existe outro tipo de celeiro primitivo, denominado cabazo, celeiro em forma de cesto gigante utilizado para conservar o milho. Que outros nomes o celeiro recebe? Pois bem, dependendo do local da Galícia que visitamos: horrio, canastro, cabaceiro, piorno, cabana, paneira...
Pambre Castle (1375)Regional Government of Galicia
Quantos celeiros pensa que existem na Galícia? Se estima que existam cerca de 30.000. Embora a sua função original tenha caído em desuso, o patrimônio etnográfico e cultural que representam merece conhecimento e desfruta da mais elevada proteção jurídica.
Pambre Castle (1375)Regional Government of Galicia
3. Arquitetura defensiva e militar
Ao longo dos Caminhos de Santiago, existem muitos exemplos famosos de construções defensivas e militares. Muralhas como a de Lugo, torres como a de Andrade, castelos como o de Pambre... Aqui veremos algumas fortificações que podem ser encontradas nas diferentes rotas. Talvez menos conhecido, mas igualmente importante e com histórias emocionantes.
Castle of San Carlos (2020)Regional Government of Galicia
Embora conhecido como Castillo de San Carlos (Fisterra), esta pequena fortificação defensiva é na verdade o que resta de um forte militar do século XVIII, construído sob o comando de Carlos III para a defesa de Corcubión e sua foz. Atualmente abriga o Museu da Pesca.
Porta da Ponte Nova, medieval wall of Betanzos (2021)Regional Government of Galicia
Outro exemplo excepcional de fortificação são os restos da muralha de Betanzos. A sua existência está documentada já no século XIII, com várias reconstruções nos séculos seguintes. A grande maioria foi demolida em 1872 para alargar a entrada da cidade. Seus restos mortais foram usados em vários edifícios da época.
Sandiás Tower (2008)Fonte original: Axencia Turismo de Galicia
Muitas das construções defensivas são agora ruínas, uma vez que perderam seu uso. Nesta colina que domina uma vasta planície em Sandiás (Ourense) existia um povoado de fortes, e no século XI uma torre de vigia. Foi destruída pelo duque de Lancaster (1386) e quase cem anos depois também pela revolta irmandiña.
The lighthouse of Cabo Fisterra, aerial view (2020)Regional Government of Galicia
4. Faróis
Cada um dos faróis da Galícia tem histórias trágicas de naufrágios e também de feitos milagrosos na proteção de barcos. São atrações turísticas muito apreciadas, simbolizando o ponto de partida de muitas estradas. E o fim do Caminho de Fisterra.
Ría de A Coruña from the lighthouses of Mera (2021)Regional Government of Galicia
O pequeno farol de Mera está localizado em um ponto estratégico para controlar o Golfo Ártabro, o porto natural mais importante do noroeste, formado pela foz de três estuários (A Coruña, Ares e Betanzos). Ao fundo se pode ver a Torre de Hércules, um farol romano em uma das duas cidades que dão início ao Caminho Inglês na Galícia: A Coruña.
Cape Fisterra, aerial view (2020)Regional Government of Galicia
Antigamente, esse ponto era considerado o fim do mundo (Finis Terrae em latim, de onde vem o topônimo Fisterra). A luz deste farol, construído em 1853, tem 143 metros de altura, dando visibilidade de 26 milhas náuticas. Aqui morre o Caminho de Fisterra e milhares de viajantes terminam sua peregrinação, maravilhados com suas vistas imponentes do Oceano Atlântico.
Bridges over the river Miño as it passes through Ourense (2021)Regional Government of Galicia
5. Pontes
O famoso escritor mindoniense Alvaro Cunqueiro batizou exageradamente a Galícia como o país dos 10.000 rios. Não são tantos, mas a geografia galega está repleta deles e as pontes que os cruzam são numerosas e variadas. A título de exemplo, as oito pontes sobre o Miño que possui a cidade de Ourense, desde a época romana até ao século XXI.
Ensenada de San Simón, in the Vigo estuary, and Rande bridge (2020)Regional Government of Galicia
A ponte Rande une as duas margens do Estuário de Vigo. Construída em 1981 para resistir ao tráfego da autoestrada do Atlântico, não é transitável a pé, mas oferece aos peregrinos uma vista espectacular sobre o estuário, aliando natureza e tecnologia em uma convivência harmoniosa.
Aerial view of the river Miño as it passes through Lugo (2020)Regional Government of Galicia
A ponte romana de Lugo data do século I e ligava Lucus Augusti a Braga pela estrada romana. Tem mais de cem metros de comprimento e quatro de largura. Passou por inúmeras reformas, embora sua essência original permaneça. Atualmente é pedonal e oferece um magnífico passeio através do rio Miño.
O Burgo Bridge (12th Century)Regional Government of Galicia
Esta ponte em O Burgo foi construída no final da Idade Média, com restaurações posteriores. Possui 11 arcos semicirculares e atualmente é pedonal. Como curiosidade, foi parcialmente destruído pelos exércitos britânicos de Sir John Moore para escapar do exército francês durante a Guerra da Independência (1809).
Ponte do Pasatempo (2020)Regional Government of Galicia
No caminho, o peregrino atravessa inúmeras pontes em cenários pitorescos e únicos. Estas construções, desgastadas e cheias de charme, refletem as histórias e lendas das milhares de pessoas que por elas passaram, como a mítica ponte de O Pasatempo (Mondoñedo).
Barrio dos Muíños, Mondoñedo (2020)Regional Government of Galicia
6. Outra arquitetura civil
No Caminho você pode encontrar outras estruturas singulares, curiosas, fora do comum. Na cidade de Mondoñedo, por exemplo, o bairro dos Muíños possui vários canais de água que o atravessam, além de uma dezena de moinhos, pequenas pontes, lavanderias, chafarizes...
O Padrón, A Fonsagrada (2020)Regional Government of Galicia
Durante as peregrinações surgem constantemente cidades, povoados e núcleos de casas que denotam a grande dispersão populacional da Galícia. As pedras da arquitetura popular galega são o resultado do esforço dos seus habitantes ao longo dos séculos.
Casa Núñez, Pazo de Bendaña and church of Santiago in the Plaza de la Constitución in Betanzos (2021)Regional Government of Galicia
Nas vilas, o patrimônio civil aparece em cada esquina. Paços, casas senhoriais... Em Betanzos, por exemplo, o peregrino encontrará a casa Núñez, em estilo colonial, que abriga o Centro de Interpretação da Gravura Contemporânea. Ou o paço de Bendana, do século XV.
Pazo de Mariñán, aerial view (15th Century)Regional Government of Galicia
Normalmente, os paços galegos são casas grandes situadas no campo e de grande complexidade arquitetónica, como este em Mariñán (Bergondo, A Coruña). Construído no século XV, o edifício e os seus magníficos jardins, entre os melhores da Galícia, foram declarados conjunto histórico-artístico e monumental em 1972.
María Pita Square and A Coruña Town Hall (2021)Regional Government of Galicia
As cidades galegas possuem um patrimônio arquitetônico muito variado, pelo qual o visitante se pode perder dias inteiros. Um dos muitos exemplos é o emblemático palácio coruñés de María Pita, requintada sede da administração municipal construída em estilo eclético por Pedro Mariño no início do século XX.
Peregrinos en la Rúa do Vilar, en Santiago de Compostela (2021)Fonte original: Axencia Turismo de Galicia
É nas diferentes estruturas que constituem o patrimônio arquitetônico galego que a pedra ganha vida, através da sua história e das pessoas que as construíram e habitaram. Preste atenção no seu Caminho e descobrirá a história da Galícia através de seus edifícios.
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