Olhar Educativo sobre o Edifício da Bolsa Oficial do Café

Visual para o Canal de Santos, a partir da Torre do Relógio. Destaque para escultura. Autor: Gino Pasquato. (2014) by Museu do CaféMuseu do Café

Gabriella de Andrade Marques, educadora do Museu do Café.
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Olá, sejam bem vindos ao Museu do Café!

Desde 1998, este edifício abriga o Museu que estamos prestes a conhecer. Porém, quais atividades esse local possuiu antes de se tornar um Museu e qual a importância deste lugar, para ter sido preservado até hoje? A proposta dessa visita é conhecer, guiados pela leitura de detalhes construtivos do edifício, a história e o panorama do desenvolvimento da cidade de Santos, a partir da perspectiva econômica e social do café.

Fachada da Bolsa Oficial de Café. Autor: José Dias Herrera. (1960) by Museu do CaféMuseu do Café

Gabriella de Andrade Marques, educadora do Museu do Café.
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A inauguração deste edifício, a Bolsa Oficial do Café, é datada de 07 de setembro de 1922, centenário da independência do Brasil. Santos, por ser conexão final entre as fazendas de café do interior do país e a exportação via mar, concentrou as negociações de café, instituições e estabelecimentos voltados ao comércio do grão. O edifício da Bolsa, marco de chegada à cidade, torna-se uma importante referência na paisagem.

Vista aérea da Torre do Relógio. Autor: Tadeu Nascimento. (2010) by Museu do CaféMuseu do Café

Gabriella de Andrade Marques, educadora do Museu do Café.
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Imaginando a cidade de Santos nesse ano, quão imponente era a Torre da Bolsa, com seus 40 metros de altura, em comparação as baixas construções ao seu redor? Bastante, e isso era intencional. Fazendo frente ao porto, a Torre servia como localização para os navios que aqui atracavam, tanto que possui o relógio e os pontos cardeais em seu topo. Compartilham espaço com quatro estátuas de 4,50m, representando profissionais que participavam do ciclo do café, sendo uma mulher, da lavoura, e três homens, do comércio, da indústria e da navegação, todas moldadas em argamassa fina. A adição de símbolos e elementos esculturais ao edifício é um meio de demonstrar desenvolvimento e riqueza, nesse caso, gerada a partir das atividades portuárias voltadas ao café. Por fim, a Torre é coroada com a presença de uma cúpula.

Fachada lateral do edifício. Autor: Cláudio Arouca. (2010) by Museu do CaféMuseu do Café

Gabriella de Andrade Marques, educadora do Museu do Café.
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Seguindo para a fachada lateral, nos atentaremos em outra técnica aplicada ao edifício para a demonstração de poder: seu estilo arquitetônico eclético. O ecletismo consiste em escolher, entre as diferentes escolas artísticas, quais abraçam o discurso no qual deseja-se passar, sem muita atenção as correntes individualmente. Foi adotado em larga escala pela burguesia, por conta da estética europeia e a ideia de progresso associada aos países colonizadores. Com quatro pavimentos, totalizando 20 metros de altura, a fachada do prédio está organizada em três diferentes faixas: embasamento, que delimita o interior do edifício perante o urbano, abrigando os acessos; o plano nobre, em dois níveis, delimitado pela malha de aberturas e a presença de um recuo – a loggia, uma espécie de avarandado – com colunas inspiradas nos padrões gregos; e, por fim, o ático, coroando o edifício. Como um todo, o edifício é marcado pela presença de elementos curvos e rebuscados, pilastras esculpidas em pedra e arcos ou frontões, demarcando as aberturas da fachada.

Vista da entrada do Museu do Café. Autor: Victor Hugo Mori. (2009) by Museu do CaféMuseu do Café

Gabriella de Andrade Marques, educadora do Museu do Café.
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Agora, a última área externa antes de adentrarmos o edifício, a Torre de Acesso. Oposta a Torre do Relógio, o acesso principal é feito a partir da esquina da Rua XV, importante local de negociações no período de atividade da Bolsa. Acompanhando os quatro níveis do edifício, possui 20 metros de altura, com base formada de colunas com inspiração greco-romanas, sustentando a cúpula e os acessos superiores. Em destaque, o título do edifício encontra-se marcado na fachada, em granito-rosa, juntamente à duas representações, também, de deuses greco-romanos, sendo Mercúrio, deus do comércio, e Ceres, deusa da agricultura.

Vista da Cúpula de Acesso na entrada do Museu. Autor:Gino Pasquato. (2014) by Museu do CaféMuseu do Café

Gabriella de Andrade Marques, educadora do Museu do Café.
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Adentrando este acesso, visualiza-se a cúpula, também uma técnica de dar maior importância ao local, pois nossos olhos são guiados para cima. A frente, a porta principal, entalhada em madeira nobre nacional, encimada por pequeno vitral com Brasão das Armas e nomeação anterior do país, “Estados Unidos do Brasil”. Vamos conhecer o interior?

Vista do Salão do Pregão. Autor: Gino Pasquato. (2014) by Museu do CaféMuseu do Café

Gabriella de Andrade Marques, educadora do Museu do Café.
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O Salão do Pregão abrigou a principal atividade da Bolsa do Café: as operações de compra e venda do grão. Nessas cadeiras, sentavam os corretores oficiais, intermediando as negociações em nome de uma das partes envolvidas. As sessões de Pregão eram acompanhadas pelo presidente da Bolsa, secretários e integrantes da Câmara Sindical dos Corretores. Quem quisesse assistir a sessão, como os próprios compradores e vendedores do café, ficava em pé, em torno do cadeiral. Por mais que seja possível visualizar o pregão da galeria acima, não temos informações de que ela fosse utilizada para esse propósito. Ao fim, os valores negociados eram registrados de forma pública, para que os interessados tivessem acesso.

Desse ponto, conseguimos observar ainda a questão da monumentalidade, já que este ambiente possui 10 metros de altura (pé-direito). Os mesmos padrões ecléticos lá da fachada são repetidos no interior do edifício, com muitos detalhes curvos, representações de animais, além da presença de obras de arte.

Forro em gesso acartonado, no mezanino do Edifício da Bolsa. Autor: Armando Cândido de Oliveira Neto. (2014) by Museu do CaféMuseu do Café

Gabriella de Andrade Marques, educadora do Museu do Café.
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No mezanino, acima do Salão do Pregão, destaca-se o trabalho do forro. Enquanto, no mesmo período, as ruas de Santos possuíam iluminação pública em lamparinas, com acendimento manual, o edifício da Bolsa já usufruía de iluminação artificial por lâmpadas. Como forma de conduzir a fiação elétrica, são criados eletrodutos aparentes em gesso acartonado, com representações de vegetação, onde cada botão de flor encontra-se um soquete de iluminação.

Detalhes do trabalho em ferro e gesso no Edifício da Bolsa. Autor: Karina Frey. (2014) by Museu do CaféMuseu do Café

Gabriella de Andrade Marques, educadora do Museu do Café.
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Nossa última parada é nessa exposição temporária, nomeado de Artes e Ofícios, onde estão dispostos diversas ferramentas de ferramentas de construção comuns ao período da edificação da Bolsa. O ecletismo trouxe a necessidade de traduzir técnicas, antes artesanais, para uma dinâmica industrializada e serial. Portanto, diversos profissionais se especializaram para abraçar essa nova dinâmica construtiva.

Detalhes do trabalho em argamassa no Edifício da Bolsa. Autoras: Julia Figueiredo de Lima e Cauana Figueiredo Donato. (2014) by Museu do CaféMuseu do Café

Gabriella de Andrade Marques, educadora do Museu do Café.
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Surgem, então, ofícios como a cantaria, desenvolvida pelo canteiro, que consiste no corte e entalhamento de pedras para pisos, parede e estrutura; a ornamentação, a cargo de escultores e desenhistas, que desenvolvem o molde de todas as peças de decoração, com aplicação final feita pelos estucadores; o ferro ornamental, com trabalho de serralheria artística para gradis, portões e corrimãos de escada, designados aos serralheiros e forjeirões; a vidraria, encarregada pelo vitralista, onde desenvolviam-se as peças em vidro para a edificação, como vitrais em mosaico; a marcenaria, pautada pela produção de ornamentações, esquadrias e mobiliários em madeira, sob responsabilidade do marceneiro; e, por fim, a relojoaria, encarregando-se da confecção, conservação e manutenção de relógios, abraçando não apenas o relojoeiro, mas outras expertises, como marcenaria, vidraria e mecânica.

Escadaria em madeira que une térreo e primeiro pavimento. Autora: Maria Fernanda M. Miranda. (2016) by Museu do CaféMuseu do Café

Gabriella de Andrade Marques, educadora do Museu do Café.
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Esperamos que essa visita tenha contribuído a somar novas informações sobre as atividades do Museu e da Bolsa, além de desvendar fatores sobre a arquitetura do Museu e lhe instigado a conhecer mais! Agradecemos a sua participação!

Credits: Story

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

João Doria
Governador do Estado de São Paulo
Sérgio Sá Leitão
Secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo
Cláudia Pedrozo
Secretária - Adjunta de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo

INSTITUTO DE PRESERVAÇÃO E DIFUSÃO DA HISTÓRIA DO CAFÉ E DA IMIGRAÇÃO

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO (INCI)
Guilherme Braga Abreu Pires Filho
Presidente
Carlos Henrique Jorge Brando
Vice-presidente
Alessandra Almeida
Diretora Executiva
Thiago Santos
Diretor Administrativo-financeiro
Daniel Ramos
Gerente Administrativo-financeiro
Caroline Nóbrega
Gerente de Comunicação e Desenvolvimento Institucional
Marcela Rezek Calixto
Coordenadora Técnica do Museu do Café

Daniella Silva de Oliveira
Produção
Gabriella de Andrade Marques
Áudio, revisão e conteúdo
Bruno Bortoloto do Carmo
Execução

Credits: All media
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