Seis surpresas que a natureza oferece na Galícia

A Galícia, território ao qual leva o Caminho de Santiago, está situada no extremo ocidental da Europa continental, ponto de encontro entre os climas oceânico e mediterrâneo.

Possui 1.500 quilômetros de litoral, onde se destacam os estuários, vales fluviais ocupados pelo mar. Soma-se a isso uma extensa rede fluvial e um relevo dominado por vales e montanhas de perfis lisos.

Estas características do clima, a orografia e a hidrologia da Galícia servem de base a um conjunto de ecossistemas altamente diversificados, habitados por cerca de 20.000 espécies animais e vegetais.

Também explicam que aparecem fenômenos singulares, surpresas que a natureza nos reserva. Vejamos seis exemplos.

O Cabo Touriñán é, durante dois meses do ano, o último lugar onde o sol se despede da Europa continental. Isso ocorre todos os anos de 24 de março a 24 de abril e de 18 de agosto a 19 de setembro. Este cabo situado na Costa da Morte, junto à rota de Fisterra e Muxía, partilha esta honra com outros quatro pontos de Portugal e Noruega.

Na serra de O Courel encontra-se a dobra Campodola-Leixazós. Aqui é descoberto um tipo de fenômeno geológico que quase sempre permanece escondido no subsolo. Foi preservado praticamente intacto desde o Carbonífero Inferior, há cerca de 350 milhões de anos, quando esse extremo da Europa estava quase anexado à América e à África.

Na Fraga de Catasós, a poucos quilômetros da Via de la Plata, crescem carvalhos e castanheiros que atingem 30 metros de altura e 5 metros de diâmetro. Elas foram plantadas no início do século XIX, quando espécimes longos e retos eram necessários para a construção de casas senhoriais. Devido ao seu porte diferenciado, são considerados os melhores exemplares de castanheiros centenários da Europa.

A maioria dos rios da Galícia forma rías ou estuários na foz. Mas há uma exceção retumbante: o Xallas despeja suas águas no mar formando uma cachoeira, a “Fervenza do Ézaro”. A água cai entre as rochas de granito do Monte Pindo em um salto de 30 metros.

Os endemismos são espécies encontradas apenas em uma parte específica do mundo. Entre as do noroeste da Península Ibérica, destaca-se a salamandra de cauda longa (Chioglossa lusitanica). Este anfíbio de 15 centímetros de comprimento, dos quais dois terços correspondem à cauda, é uma das jóias do patrimônio natural galego. Está ligada a um de seus ecossistemas mais genuínos: florestas densas e úmidas com riachos repletos de líquens.

Em poucos lugares é coincidência que o pico mais alto de uma cordilheira faça parte de um sistema de falésias costeiras. É o caso da Vixía de Herbeira, que com os seus 615 metros é o trecho da serra de A Capelada. A altitude, as vistas sobre a costa, o vento forte e o cheiro de mar oferecem um contraste chocante de sensações.