La Virgen del Huso (1510/1540), de Seguidor de Leonardo da VinciMuseo Soumaya.Fundación Carlos Slim

O original dessa obra de Leonardo, que tem muitas versões diferentes, foi perdido, mas existe um desenho preliminar do rosto da Virgem Maria pelo mesmo artista em Windsor, no Reino Unido. Esse painel foi pintado para Florimond Robertet, secretário de Luís XII da França. É um grande legado do ateliê do artista, que agora está na galeria dos antigos mestres da Europa do Museu Soumaya.

Outra pintura sobre painel, Virgem do Fuso, atualmente na galeria de arte da Fundação Carlos Slim, vem da coleção Alfred Ernout, de Paris. O especialista Roberto Longhi, que teve a oportunidade de estudar a obra, disse, em 1966: "Além do tamanho exagerado da criança, acredito que a qualidade dessa pintura é superior às versões existentes desse tema leonardesco". Com relação à paisagem, de influência flamenga, o estudioso escreveu: "Pode ter sido obra de Cesare Bernazano", um pintor milanês da primeira metade dos anos 1500. Dada a semelhança com a Virgem de Cesare da Sesto, agora no Museu Poldi Pezzoli, em Milão, o professor Martin Kemp sugeriu que essa obra pudesse ser atribuída ao pintor lombardo.

Com uma postura sem precedentes para a época, a torção do corpo do Menino Jesus revela um profundo conhecimento da anatomia. Além disso, o olhar da Virgem Maria demonstra uma análise do espírito humano.

A mão direita de Maria é interpretada de duas formas. A primeira a vê como protetora, enquanto a Virgem tenta, com o braço esquerdo, afastar a criança do fuso, que assume um novo significado como símbolo da cruz. Na outra leitura, ela expressa uma submissão calma e amorosa ao plano divino.

O olhar de Jesus é profundamente sugestivo. Leonardo atinge essa intensidade emocional por meio de uma observação astuta das emoções humanas.

Com o forte significado simbólico, o fuso se torna essencial para a obra de uma maneira nunca vista antes. O antigo instrumento de fiar também remete à vida cotidiana e simboliza paciência e experiência. No entanto, na forma de uma cruz, ele transcende o significado mundano.

A mudança de um tom para outro no rosto da Virgem é tão gradual que é impossível ver exatamente onde cada forma termina. Isso cria uma simbiose maior entre as figuras e o ambiente. Essa é a lição transmitida por da Vinci na história da arte.

O contraste entre luz e sombra gera um efeito de volume e plasticidade. Da Vinci foi pioneiro nessa área graças ao uso de sfumato, que desfoca as bordas para criar o efeito de maior profundidade.

Na natureza, o ar não é totalmente transparente. Em vez disso, um fenômeno atmosférico dá a ele uma cor anil. O desfoque gradual das imagens à distância é o resultado da umidade nas camadas inferiores da atmosfera, o que causa a mudança de cor que da Vinci refletia nas pinturas.

A Virgem do Fuso do Museu Soumaya foi analisada no Laboratório de Conservação da Fundação Carlos Slim, que descobriu algumas pinceladas sob a pintura a óleo.

Os estudos científicos usaram luz ultravioleta para revelar que a obra havia sido alterada em vários pontos, principalmente na região pélvica da criança. Uma fotografia tirada antes da chegada da obra ao Soumaya mostra a presença de um material sutil, que depois foi removido por não coincidir com o desenho original.

A análise de imagem por infravermelho com falsa cor (IRFC, na sigla em inglês) permite examinar alguns dos pigmentos usados na obra. Na capa da Virgem, foi detectado o azul ultramarino natural, um pigmento muito caro para a época, o que revela a importância da encomenda de um painel como esse.

Os resultados científicos das roupas da Virgem mostraram o uso de carmesim, um luxuoso corante animal da Europa que estava na moda durante a Idade Média e o Renascimento.

Créditos: história

Baseado em um texto de Francesca Conti na revista mensal: "A 500 Años de Da Vinci" (500 Anos Depois de Da Vinci), junho de 2019.


Virgem do Fuso, obra de um seguidor de Leonardo da Vinci
Museu Soumaya. Fundação Carlos Slim

Créditos: todas as mídias
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