A obra “Marquilla cigarrera” resgata a cultura visual associada à indústria do tabaco, historicamente mais irreverente e livre que a produção artística acadêmica. As caixas de charuto serviam de suporte a ilustrações de crônicas cotidianas, por vezes carregadas com um comentário social subversivo. Com base nessa tradição, Los Carpinteros propõem uma cena surreal em que os artistas interagem com a história da arte de modo aleatório e dessacralizador. Em primeiro plano, Alexandre Arrechea, despido, com um charuto, impõe-se como protagonista, que chama a atenção sobre a exclusão da figura do negro na história da arte, pois o entorno em que aparece inserido é uma sala de pintura histórica do Hermitage, onde outra figura, Dagoberto Rodríguez, também sem roupa, conversa com uma obra na parede. A obra destaca a vocação lúdica do coletivo de artistas, também na inscrição, que pode ser lida como uma declaração artística do grupo que, até hoje, não perde “a vontade de voltar a jogar”.