O mural, situado na Parede dos Arcos, traz figuração em preto e branco e remete a elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro. Evoca, em particular, as ilustrações dos folhetos de cordel, publicações em versos que, em geral, apresentam pequenas xilogravuras na capa. Ainda hoje esses folhetos podem ser encontrados nas feiras livres da região. O mural se identifica ainda com a proposta do Projeto Terra, em que o artista vem realizando intervenções pictóricas nas fachadas de casas de moradores do sertão da Bahia. Iniciado na década de 1980, esse projeto contempla instalações e pinturas e se espalha pela ampla geografia sertaneja com o propósito de transformá-la em um museu ao ar livre. Para o crítico baiano Rubens Alves Pereira, “a obra de Juraci Dórea abre-se como um estandarte sobre a vida sertaneja. Nela, viceja o espírito de um povo simples e humilde do Sertão, elevam-se grandes referenciais da cultura popular. Sobretudo, uma obra que se plasma nos largos gestos da arte contemporânea em que o artista se insere, enriquecendo-a com suas peculiaridades. Poeta do cotidiano sertanejo, atento aos sonhos, crenças e mistérios que tecem o Sertão, Juraci Dórea encena a multiplicidade, na qual afloram sua variedade de temas e gentes, de gestos e atos, de falas, texturas, bichos e astros.”