A arte e o desenho do artista resultam de suas viagens através de culturas onde a arte e o invisível são inseparáveis, como nos casos das caligrafias japonesa, árabe e tibetana, nas quais o desenho caligráfico também assume uma forma de comunicação com as forças do invisível e do cosmos. Grande parte de sua obra é dedicada à árvore, que nessas culturas tem uma função mediadora ou até mesmo mediúnica, comparável a certas práticas de desenho. No Hospital Matarazzo, ele encontrou duas Seringueiras gigantescas, centenárias, que parecem guardar uma das entradas da exposição. É a energia delas, que reemerge sob o disfarce de um desenho de uma fluidez incomum, que se espalha sobre as paredes, os pisos e o teto, como uma onda. Sua homenagem à Seringueira evoca tanto o subterrâneo quanto o cosmos. Através da ligação céu-terra, a árvore se transforma em cosmogonia, em uma árvore-mundo, habitada por pequenos seres. Seriam eles a humanidade? Ou são os espíritos decorrentes da escuridão? Sua obra critica os excessos e desvios da sociedade contemporânea no tocante à Natureza e à Vida. Esta é a razão pela qual ele evoca a árvore e suas energias, e faz a ela uma oferenda de frutas e ametistas. Durante a montagem da exposição, Charley Case também propôs obras em colaboração com pessoas que encontrou no local da exposição (assistentes, artistas, funcionários). Esses encontros deram origem a trabalhos gráficos coletivos, inspirados nos pichadores de São Paulo. São pinturas nas paredes do Hospital dedicadas à água do Planeta, que rendem homenagem às baleias, aos peixes da Amazônia e à deusa Iemanjá.
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