Com o amadurecimento de seu trabalho, Ângela desenvolveu o seu próprio conhecido posteriormente como Trindadismo. Utilizando as múltiplas dimensões culturais e espirituais do triângulo, a artista instituiu uma linguagem própria que destacou sua individualidade como artista.
Depois de uma longa busca por uma iconografia mais adequada ao seu tempo, mas que também pudesse expressar a unidade entre o humano e o divino, Ângela encontrou no triângulo a possibilidade de reunir as influências culturais e religiosas do Oriente e do Ocidente.
Enraizada no antigo épico indiano Mahabharata, a história de Shakuntala foi dramatizada por muitos escritores famosos, incluindo Kalidasa. No início deste épico Shakuntala é caracterizada como uma criança filha da natureza que tem uma corça como animal de estimação. A corça é ferida pelo rei Dushyanta, que posteriormente se apaixona por Shakuntala e acaba por se casar com ela. Amplamente retratada por vários artistas, a composição triangular de Shakuntala e a Corça de Trindade utiliza uma paleta vibrante, retirando proveito da dimensão simbólica da cor para expressar ideias e emoções.
Referências: Gracias, Fátima, Ângela Trindade: A Trinity of Colour, Light and Emotion, Fundação Oriente, Panjim, Goa, 2016; Eiland, William U. at all, António Xavier Trindade: An Indian Painter from Portuguese Goa (catálogo de exposição), Georgia Museum of Art, University of Georgia, 1996.