As naturezas-mortas orientalizadas enquanto objecto decorativo foram muito populares entre os coleccionadores do Subcontinente Indiano no início do século XX. Utensílios de cobre gravados e perfurados, como a placa que emoldura o jarro e a tigela de típico desenho persa eram objectos comuns nos bazares indianos da época.
Evocando as naturezas-mortas barrocas holandesas – onde a efemeridade da vida era simbolizada através de restos de alimentos deixados sobre a mesa de refeição – esta clássica composição apresenta uma caixa de jóias aberta, que pode ser interpretada como uma tarefa inacabada ou, em última análise, a representação do abandono. Os mesmos elementos estão representados noutra composição do artista intitulada Dolce Farniente (1920), onde Florentina, mulher do artista, surge reclinada ao estilo dos orientalistas do século XIX.
Referências: Shihandi, Marcella, et al, António Xavier Trindade: An Indian Painter from Portuguese Goa (catálogo de exposição), Georgia Museum of Art, University of Georgia, 1996.