Otávio Roth e o Dr. Kurt Waldheim na vernissage de "A Declaração Universal dos Direitos Humanos" (1981-12-08), de Autor desconhecidoInstituto Vladimir Herzog
APRESENTAÇÃO
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) foi a resposta da comunidade internacional às atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial. Muito além de uma posição sobre o passado, o documento enuncia princípios morais universais, que transcendem o campo do direito e nos inspiram na busca por um futuro com dignidade para todos.
No momento em que o mundo enfrenta a maior crise sanitária dos últimos cem anos, marcada pela perda de vidas humanas, pela acentuação das desigualdades, da exclusão socioeconômica e da discriminação em suas diversas formas, celebramos o aniversário da Declaração com a certeza de que os direitos humanos são o horizonte incontornável do século XXI.
Apenas com medidas firmes de combate às violações de direitos - e com o fortalecimento do espírito de solidariedade e do exercício do diálogo - conseguiremos reconstruir um mundo pós-COVID-19 mais resiliente, justo, e sustentável - para nós e para as gerações porvir.
O dia 10 de dezembro é uma oportunidade para reafirmar a importância dos direitos humanos na reconstrução do mundo que queremos e a necessidade de solidariedade global, bem como nossa interconexão e humanidade compartilhada como seres humanos.
É sob esse entendimento, que o Acervo Otávio Roth e o Instituto Vladimir Herzog se unem, com o apoio do Consulado Geral do Canadá em São Paulo, para lançar a exposição “Os direitos humanos como arte - Obras em papel de Otávio Roth”, apresentando de maneira acessível e sensível o olhar do artista sobre a Carta.
Artista multimídia, Roth percebeu ainda jovem que os direitos humanos eram a síntese das mais nobres aspirações da humanidade. O engajamento político e a preocupação em proporcionar às pessoas espaço de expressão e diálogo, inspiraram a concepção de instalações de arte participativa no início dos anos 1980.
Roth acreditava que a cultura deveria se dirigir a todos, ser emanada da expressão de todos. Essa visão, presente em toda sua obra, pode ser aqui percebida pelo seu compromisso em ampliar o acesso à Declaração, transformando o conteúdo dos artigos em obras gráficas, que convidam à leitura um público plural.
Pouco a pouco seu trabalho surte efeito, possibilitando que os direitos humanos fortaleçam-se como denominador comum dos anseios dos mais diferentes indivíduos. É, pois, a partir do conteúdo da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da forma generosa e aberta proposta por Roth, que manifestamos nossos sinceros votos em favor de um futuro mais acolhedor e justo, para todas as pessoas, em todos os lugares.
Exposição "Para Respirar Liberdade" - Sesc Bom Retiro (2018), de Isabel Lorch RothInstituto Vladimir Herzog
OS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL HOJE
Rogério Sottili, diretor executivo do Instituto Vladimir Herzog
Ao promover esta exposição, o Instituto Vladimir Herzog (IVH) celebra o 72º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e reafirma sua posição de luta por meio do diálogo e da valorização da cultura brasileira. Acreditamos que a arte tem a potência de sensibilizar para o exercício da cidadania, sendo o próprio acesso à cultura um direito humano. Nas últimas décadas, o Brasil conquistou direitos fundamentais que contemplavam cada vez mais os princípios pautados pela DUDH, da qual nosso país é signatário.
No entendimento do IVH, no entanto, nossa democracia vive hoje um processo que rompe com estas conquistas por meio do acirramento da violência, das ameaças à liberdade de expressão, da apologia a torturadores, da criminalização dos movimentos sociais e da ascensão dos discursos de ódio. É um desafio imposto e ao qual nos cabe, como sociedade civil organizada, resistir, avançando pela garantia dos direitos humanos.
É para defender e ressignificar tais direitos que compartilhamos em nosso perfil da plataforma Arts&Culture este conteúdo artístico e educativo inédito que dissemina de forma sensível a importância dos artigos da Declaração. Esta série em pulp painting do artista plástico Otávio Roth é capaz de inspirar o entendimento do conteúdo precioso da DUDH em públicos de todas as idades - e agora pode ser vista por indivíduos ao redor de todo o globo. Esta exposição é, portanto, também uma forma de mobilização para que nos encaminhemos cada vez mais ao compasso da democracia, onde os direitos humanos são o norte para o qual miramos.
O IVH agradece a parceria de longa data com o Acervo Otávio Roth, que tem se dedicado com louvor a levar para o mundo o renomado trabalho deste artista brasileiro como forma de promover o debate sobre os direitos humanos. Agradecemos publicamente também a histórica saudação da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, na abertura desta exposição, um célebre marco para todos e todas que lutam pelos direitos humanos no Brasil. E por fim, agradecemos ao Google pelo constante apoio à nossa missão, disponibilizando canais determinantes para que possamos refletir sobre os direitos humanos no mundo.
Essa mostra é, assim, um convite do IVH a refletirmos coletivamente sobre os ciclos de violências históricas de nosso país e a nos posicionarmos em direção a uma cultura de paz. É um convite também para lembrarmos do nosso compromisso com os valores democráticos, para reafirmarmos nossa luta incansável perante a injustiça e para nos mobilizarmos pela contínua defesa dos direitos humanos estabelecidos na Declaração.
Artigo 1 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
Para saber mais sobre a história e importância da Declaração, clique na miniatura da obra no canto esquerdo da tela e acesse informações sobre cada um dos artigos.
Artigo 2 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
E clique também na miniatura da imagem para acessar a descrição acessível de cada obra.
Artigo 3 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
As obras foram produzidas em pulp painting e guache. Pulp painting é uma técnica na qual os desenhos são criados durante a confecção do papel, com polpas de papel pigmentadas. Ou seja, os desenhos não foram feitos sobre o papel, mas o compõe.
Artigo 7 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
Artigo 8 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
Artigo 12 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
Artigo 13 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
Roth criou ícones que dialogam com o texto. São elementos gráficos que trazem leveza, ao mesmo tempo em que reforçam a essência de cada artigo. Segundo o artista, “além das palavras, impunha-se a necessidade de imagens que melhor ajudassem a divulgar e memorizar o conteúdo (da Carta)”.
Artigo 14 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
Artigo 18 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
Segundo Roth, a Declaração “pega a totalidade dos conceitos que definem um ser humano e aponta a verdadeira função do Estado...
...A Declaração está além do bem e do mal, cabe para a sustentação de qualquer ideologia política sem cair na armadilha de nenhuma delas. As ideologias são sempre menores que os direitos humanos” (Otávio Roth, em entrevista à Angélica de Moraes, ago/1984).
Artigo 21 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
Artigo 24 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
Artigo 25 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
Artigo 26 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
Artigo 27 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos (série em português) (1984), de Otávio RothInstituto Vladimir Herzog
Roth produziu séries artísticas sobre o conteúdo da Declaração em diferentes idiomas e técnicas. Acesse nosso perfil do Arts&Culture para ver a mostra “A Declaração Universal dos Direitos Humanos por Otávio Roth”, com a série dos artigos em inglês (técnica xilogravura).
Exposição “A Declaração Universal dos Direitos Humanos por Otávio Roth”
Curadoria - Fábio Magalhães e Isabel Roth
Pesquisa de conteúdo - Isabel Roth e Luciana Bruno
Produção e adaptação - Carolina Vilaverde
Digitalização das obras - Fábio Praça
Tratamento de imagens - Adriano Sobral
Comunicação - Carolina Vilaverde, Cristina Fernandes e Isabel Roth
REALIZAÇÃO
Acervo Otávio Roth
Ana Roth - Diretora Executiva
Isabel Roth - Curadora
Denise Lorch - Museóloga
Maria Helena Webster - Consultora
Instituto Vladimir Herzog
Clarice Herzog - Presidente
Ivo Herzog - Presidente do Conselho Deliberativo
Rogério Sottili - Diretor Executivo
Isabel Rodrigues - Assessora da Diretoria Executiva
Carolina Vilaverde - Coordenadora do projeto "72 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos"
Ana Rosa Abreu - Coordenadora de Educação em Direitos Humanos
Giuliano Galli - Coordenador de Jornalismo e Liberdade de Expressão
Lucas Paolo Vilalta - Coordenador de Memória, Verdade e Justiça
Cristina Fernandes de Souza - Coordenadora de Comunicação
Sandra Faé - Coordenadora Administrativo-Financeira
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Agradecimentos especiais
Michelle Bachelet, Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos
Bernardo Lorga, Camila Cury, Carmen Dominguez, Cecilia Canessa, Daniel Arbix, Danilo Miranda, Fábio Saraiva Teles, Flavia Muraro Teles, Fernanda Faya, Guilherme Sanchez, Irene del Pilar Sandoval, Juliana Barreto, Juliana Braga, Juliana Nolasco, Laura Gelbert, Maria Helena Webster, Pedro Vilaverde Junior (in memoriam), Thiago Carrapatoso e Sesc SP.
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