Apresentação
A fim de propor uma maneira de perceber a experiência colonial brasileira também como estabelecimento de normas de gênero e sexualidade, essa proposta curatorial visa pensar a influência cis-hetero-cristã na experiência africana na colonização brasileira...
"White Face (and Blonde Hair)", de Renata FelintoMuseu da Diversidade Sexual
... Ora, se considerarmos as diversas Áfricas, sequestradas e inventadas, também se faz necessário notar o aspecto disruptivo do exercício colonial, de modo que teremos sempre o antes e depois dele.
Há uma história particular nas colonizações africanas e americanas, com isso, o Brasil, vinculado substancialmente à Costa do Ouro e a Angola, por exemplo, nasce com a contradição do tempo em operação...
... Pouco menos de um século antes de entrarmos no mapa ocidental o avanço europeu sobre a costa africana atlântica já estava em curso. Isto é, o que significa pré-colonial na estrutura combinada da colonização atlântica? ...
... Sempre haverá, por fim, a referência ao anterior ao marco inaugural, uma África antes do sequestro. Voltemos, se o exercício colonial inaugura algo, também o inventa e enquanto o faz, imprime a si mesmo. Nisto se nota, então, a constante generificação cisgênera, acompanhada pela heterossexualidade compulsória, na constituição das relações, mesmos escravistas, como veremos, da história brasileira.
"White Face (and Blonde Hair)", de Renata FelintoMuseu da Diversidade Sexual
Focaremos, todavia, nos discursos e narrativas próprias da colonização brasileira, entendendo, entretanto, a importância dos estudos de gênero e sexualidade relacionados ao continente africano.
Ocorre que ainda há pouca consciência de percepção da história africana no Brasil, seja por textos ou imagens, atenta a identificar o aspecto colonial também por suas elaborações de gênero e sexualidade. E é com isso que este projeto visa colaborar.
Jornal “Inimigo do Rei”Museu da Diversidade Sexual
Jornal “Inimigo do Rei”
Nas imagens vemos a capa e matéria do periódico soteropolitano, Inimigos do Rei, com assinatura do jornalista Hamilton Vieira, à época em formação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Jornal “Inimigo do Rei”
Trata-se de uma série de entrevistas com homossexuais da capital baiana sobre as diferentes maneiras pelas quais percebiam o “duplo preconceito da homofobia e racismo.
Boletins Quimbanda-DuduMuseu da Diversidade Sexual
Boletins Quimbanda-Dudu
O Boletim Quimbanda-Dudu foi construído por um coletivo de homens gays pretos. Eles se declaravam como uma entidade política defensora dos direitos humanos, tendo como base as lutas contra o racismo e machismo predominante.
Nestas duas edições do Boletim vemos a materialização de um exercício constante do grupo Quimbanda-Dudu: recuperar, desvelando, figuras brasileiras que interseccionaram os debates de negritude e sexualidade. Na edição de 2002 uma caricatura do escritor carioca João do Rio (1881-1921) estampa a capa. Já na de 2003, uma fotografia de Mário de Andrade (1893-1945) cumpre esta função.
Boletins Quimbanda-DuduMuseu da Diversidade Sexual
Boletins Quimbanda-Dudu
Um dos objetivos frequentes dos boletins do grupo Quimbanda-Dudu era uma atualização dos debates acerca do gênero e sexualidade nos países africanos e da diáspora negra.
Na edição de 2003 vemos um esforço nítido em, de alguma forma, denunciar e tornar pública a situação jurídica e de direitos de países como África do Sul, Zimbábue e Uganda.
"White Face (and Blonde Hair)", de Renata FelintoMuseu da Diversidade Sexual
White Face (and Blonde Hair), Renata Felinto (2012)
Integrante do projeto "Também quero ser sexy!”, da mesma artista, a performance “White Face” se dedica a criticar o simulacro da branquitude.
White Face (and Blonde Hair), Renata Felinto (2012)
Na imagem vemos a artista com os elementos que reforçam sua intenção performática (maquiagem mais clara que sua pele, roupas e acessórios)
"White Face (and Blonde Hair)", de Renata FelintoMuseu da Diversidade Sexual
Em diálogo direto com o "Blackface", prática racista presente em diversos países colonizados onde pessoas brancas pintam seus rostos com tinta preta a fim de se parecerem com pessoas negras,
Felinto constitui sua performance por meio da instrumentalização de elementos pelos quais muitos privilégios da branquitude se constituem.
“Afro latina”, de Formiga, aka FormigãoMuseu da Diversidade Sexual
“Afro latina” - Parte I
O poema Afro Latina dá título ao primeiro livro (de 2018), do poeta Formigão, que na época se chamava Formiga. Este poema possui um eu lírico lésbico, que orientado pela ideia de Escrevivência, passeia por obras da literatura negra contemporânea para contar sobre afetividade.
“Afro latina”, de Formiga, aka FormigãoMuseu da Diversidade Sexual
"Afro Latina" - Parte II
Afro Latina quer ser visível pela experiência poética-pessoal da lesbianidade negra na diáspora.
“Afro latina”, de Formiga, aka FormigãoMuseu da Diversidade Sexual
"Afro latina" - Parte III
A estrutura do poema contém muitos versos e é feito de rimas, característica do autor de criar ritmo musical com as palavras.
“Eu sou uma byxa-travesty”, de Luna Dy CortesMuseu da Diversidade Sexual
“Eu sou uma byxa-travesty”, Luna Dy Córtes (2021)
Se trata de um depoimento-manifesto onde o principal objeto descrito é a cisgeneridade. Elementos como família, casamento, sexo, casa, traição e tradição são convocados como modo de compreender a maneira pela qual o padrão de gênero e sexualidade também se elaboram e atualizam.
Colonização, sexualidades e generificações: respostas de hoje para o agora.
Curadoria: Uila
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador do Estado de São Paulo
Rodrigo Garcia
Secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo
Sérgio Sá Leitão
Secretária Executiva
Cláudia Pedrozo
Chefe de Gabinete
Frederico Maia Mascarenhas
Coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico (UPPM)
Paula Paiva Ferreira
INSTITUTO ODEON
Diretor Presidente
Carlos Gradim
Diretoria de Operações e Finanças
Roberta Kfuri
Diretoria de Equipamento
Marisa Bueno
Coordenação de Museologia e Acervo
Leonardo Vieira
Museologia
Leila Antero
Coordenação de Relações Institucionais e Projetos
Luiz Henrique Amoêdo
Assessoria de Comunicação
Eduardo Cordeiro
Coordenação do Núcleo de Ação Educativa
Val Chagas
Coordenação Administrativo Financeiro
Luiz Custódio da Silva Junior
Administrativo Financeiro
Vanda Maria Batista, Alexia Bastos Souza e Jhonatha Lucas
Compras
Jeferson Rocha de Lima