Com uma cronologia de aplicação que oscila entre os anos 1620 e os anos 1670, este padrão é constituído por módulos de 12x12, exigindo, por conseguinte, 144 azulejos para a sua formação. Trata-se do maior padrão concebido no mundo, sendo correntemente designado por "padrão de Marvila" por ter a sua aplicação mais significativa na igreja do mesmo nome, em Santarém. Aí, como em outros espaços de grandes dimensões, proporciona revestimentos espetaculares que, na maior parte dos casos, se estendem a grande altura. Este complexo padrão tem a particularidade de se orientar não de forma quadrangular, como é habitual, mas sim losangular, o que lhe imprime uma dinâmica quase sem paralelo na padronagem coeva. Conhecem-se também aplicações em linhas retas, geralmente em tetos, onde perde espetacularidade e dinâmica. Filia-se nas estruturas de "enxaquetados", ainda que aqui as linhas de xadrez, apesar de alternarem cores, já não formem uma continuidade. Neste motivo, os elementos a azul e branco são contornados com amarelo de antimónio e formam quatro reservas principais, duas quadrangulares, totalmente preenchidas com um referente têxtil, e as outras cruciformes, circunscrevendo um elemento inspirado na ourivesaria. As linhas de contorno destas quatro grandes reservas são pontuadas por apontamentos também associados à joalharia, e nos seus eixos de intercessão pequenos quadrados são preenchidos por elementos que, de novo, remetem para o domínio têxtil. A riqueza compositiva deste padrão e a complexidade da sua aplicação tornam-no, sem qualquer dúvida, numa das mais fascinantes criações da azulejaria portuguesa do século XVII.