Em muitas das telas criadas por Segall após sua vinda para o Brasil, a presença
do desenho é determinante. Em Autorretrato III, o artista está diante de uma tela
em branco e tem entre os dedos um lápis, em vez do pincel. A pintura fica em
aberto, como para anunciar o fim da “fase brasileira” – que se estende de 1924
a 1928. Permanece algum resquício do realismo impiedoso da Nova Objetividade,
que marcou toda a produção alemã dos anos 1920. A tela é toda desenhada,
e a figura é descrita por uma linha que percorre seus contornos, sublinhando
as rugas da testa, as dobras da mão, as marcas de expressão, o drapeado da gola,
o delineado dos lábios.