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Letter

Josias Leão and Ruth Leão

Projeto Portinari

Projeto Portinari
Rio de Janeiro, Brazil

Trata de assuntos relativos à publicação do livro "Portinari: his life and art", cujo prefácio será de autoria de Rockwell Kent. Informa estar enviando parte do pagamento do quadro "Peixes com Limão". Comenta sobre uma pequena exposição de Portinari, na Universidade (setembro), seguida de uma em Nova York (Museum of Modern Art - fim de outubro) e fala em fazer outra no Instituto de Artes de Chicago. Diz que irá a Detroit para ver a exposição de Portinari.

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  • Title: Letter
  • Creator: Josias Leão, Ruth Leão
  • Date Created: 1940-08-03
  • Location: Chicago IL, Rio de Janeiro RJ
  • Provenance: Portinari Project Collection
  • Subject Keywords: Arte/Cultura, Direitos autorais, Vida Artística, Obras de arte, aquisição
  • Transcript:
    CO-2596 Leão, Josias; Leão, Ruth. [Carta] 1940 ago. 3, Chicago, IL [para] Candido Portinari, [Rio de Janeiro, RJ]. 2 p. [datilografado] Meu caro Portinari: Afinal vão aqui os papéis para você assinar. A lei americana é ultra complicada e exigente e o pessoal da Universidade doido para não arriscar. Coisa bem compreensível, aliás, num país em que toda gente vive ansiando por uma indenização. Mas isso não tem importância: o que V. tem a fazer é assinar a coisa e mandar de volta, via aérea. O papel grande, o contrato, o bruto calhamaço, você deve assinar e fazer legalizar no Consulado Americano. Os demais proprietários dos quadros apenas devem assinar. Eu já indiquei os quadros que pertencem a cada um e bati à máquina, no lugar da assinatura, os nomes respectivos. Isso tudo, como você sabe, é pura formalidade, mas indispensável para que o Departamento Legal da Universidade autorize a distribuição do livro. Você deve receber, além deste, mais três envelopes. No 1º vai o contrato e nos outros dois vão exemplares das cartas que os proprietários dos quadros deverão assinar. Não sei como vai ser no caso do Lequio e da Embaixatriz Cantalupo. Se você pudesse declarar que vendeu, ou deu, os quadros se reservando os direitos de reprodução, acho que tudo estaria resolvido. Bom que você converse, sobre o assunto, com aquele rapaz da Embaixada Americana. A propósito: Elim O’Shaugnessy não é da Embaixada? Se está em Washington, qual é o endereço dele? E R. Harrison, de Nova York? Se ele não está por aí peço-lhe que me mande também a sua direção em Nova York. Todas as minhas perguntas, mestre Portinari, devem ser respondidas, a fim de que o álbum não sofra mais nenhum atraso. Os oito quadros em full-color já estão sendo reproduzidos e o trabalho, ao que vem de me informar o chefe da U. of C. Press, já está muitíssimo adiantado. Afirmam que vai sair coisa de primeiríssima. Junto segue cheque de $50.00 sobre os peixes com limão. Mês que vem seguirá o resto. Muito bonito. As flores também. O pessoal ficou encantado e ainda mais hoje, quando soube que você tinha afinal autorizado a reprodução em cores. Aliás, devo lhe dizer, tinham resolvido fazer mesmo sem a autorização, tanto assim que desde anteontem que se encontra nas mãos dos gravadores. A sua exposição de Nova York vai fazer época. Incluirá os quadros do Museu de Detroit, o do Museu de Nova York e os 9 da Rubinstein. Talvez também os da Feira de Nova York. Vai sair catálogo batuta. O Robert C. Smith escreveu artigo pra lá de bom, sobre você, e a Florence escreveu outro, que não está nada mau. Ambos vieram para minha leitura. No da Florence fiz, a pedido dela, algumas observações. E esclareci certas dúvidas sem maior importância. O prefácio do álbum vai mesmo ser escrito pelo Rockwell Kent. O board da University Press, composto de 16, pôs a coisa em votação: Rockwell Kent, Thomas Craven, C.J. Bulliet e Helen Gardner. Rockwell Kent teve 11 votos, Thomas Craven 1, C.J. Bulliet, que é de Chicago, 3 e Helen Gardner, também de Chicago, 1. O homem é não somente muito mais conhecido, mais popular, como também muito melhor elemento para a venda do livro. Espero que você goste da escolha. Jobim me escreve dando a entender que o pessoal (certo pessoal) já está ficando safado pela sua crescente importância. Que gente incrível. Eles que esperem mais dois ou três meses e vão ver que você não está mesmo sopa. Vou lhe mandar, aos quilos, os recortes do que os jornais e revistas estão preparando para escrever a seu respeito. Você vai ter publicidade de arromba para os próximos 8 ou dez meses. Depois disso, meu caro Portinari, acho que você deveria mesmo pular até aqui. Nada difícil, por exemplo, pegar a decoração de uma parede no Museu de Arte Moderna. Orozco está fazendo uma, agorinha mesmo. Talvez você concordasse em assinar aplicação para aquela bolsa Guggenheim. Pouca coisa mas que serviria de base, pelo menos, para agüentar com as despesas de passagem. Pergunte ao Mario e ao Bandeira o que eles pensam sobre isso. Eu não estou aconselhando nada, mas, seu Portinari, isso aqui é mesmo troço muito sério. E você tem, como ninguém por aqui, condições para se impor neste meio. Quando o álbum estiver para sair – o que deverá ter lugar em princípio de Setembro – vamos fazer uma pequena exposição sua na Universidade. O quadro do Museu, os três quadros da Rubinstein e os meus, além das litografias e monotipia que estão comigo. Imagine que vai ser aberto solenemente e a capitoa vai fazer discurso que já está decorando... Eu cegarei dez minutos atrasado. Depois disso, em fim de Outubro, depois da exposição em Nova York, far-se-á então uma grande aqui no Instituto de Arte, da qual você será em tempo amplamente informado. Você verá pelo contrato, Mestre Portinari, que somente depois dos 2.500 exemplares, é que você terá direito a 15% sobre os lucros da venda. A primeira edição é exatamente de 2.500 exemplares. De modo que a Universidade ficará com tudo. Mas eu sei que, não somente você não faz questão disso, nem esperava isso, como também esse tudo é realmente muito pouco. A edição de 2.500 vai sair por $9.500.00. Os 2.500 que vieram do Brasil e mais 7.000 que a Universidade está empregando. Os exemplares vão ser vendidos a $7.50, mas sobre isso os livreiros cobram aqui a comissão de 40%. Isso reduz o preço recebido pela Universidade a $4.50 por volume. Ora, o preço é de quase (digo o custo) $4.00. Mas isso sem contar os 100 exemplares que serão distribuídos gratuitamente, as despesas de selo e transporte e a impressão e distribuição de 25.000 circulares com impressão em cores, etc., etc. O lucro líquido da Universidade, quando o último exemplar estiver vendido, vai ser entre $500.00 e $600.00, o que é realmente muito pouco tendo em conta o grande capital empatado. Isso foi possível, meu caro Portinari, porque Rockwell Kent, a fim de ajudar a edição, desistiu de qualquer pagamento e de qualquer comissão sobre as vendas. Quando você receber a cópia do contrato – que estou mandando via tartaruga para economizar os centavos – não deixe de mostrar a todos os seus conhecidos. Pode ser que eles pensem que você está ganhando à beça, ou que eu tenha entrado largamente nos cobres que vieram do Brasil. Besteira grossíssima, pois a verdade é que eles pagaram $5.00 por livro, que não pode ser vendido por menos de $7.50. Claro que os amigos não pensarão nada disso, mas estou informado de que os falsos admiradores já começam a murmurar nesse sentido. Meu caro Portinari: a chorumela já está cacete. Veja o contrato, não se impressione com a literatice legal, assine a coisa e mande tudo de volta o mais depressa possível. Irei a Detroit para ver a sua exposição. Abraços para todos De Ruth e do Josias Leão Vou lhe mandar catálogo das melhores tintas. Se você já tem indicação pode fazer encomenda que mandarei tudo.
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  • Type: letter
  • Publisher: Projeto Portinari
  • Rights: Josias Leão Ruth Leão
  • External Link: http://www.portinari.org.br
  • Number: 2596
  • Collection Data Type: CO
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