A derrota das canoas de Araratiguaaba [Araritaguaba] até Cuiabá, depois ao Matogroço por rios, como por terra, e com informação dos milhores pilotos. M. R. fez.

Mapa manuscrito hidrográfico de parte do Brasil. Data e local presumidos. A Mapoteca do Itamaraty possui um exemplar parecido, talvez mais antigo, sem autoria e com algumas modificações textuais. Com indicações dos caminhos percorridos desde São Paulo, ao Rio Grande do Sul (até Viamão) e ao Pará, passando por Meia Ponte (atual Pirenópolis), em Goiás, e daí indo por Vila Boa até o Mato Grosso (Cuiabá, que não é nomeada, e Vila Bela, que aparece como Mato Groço). As “derrotas” são os roteiros das viagens, feitas por rios ou por terra, marcadas em pontilhado no mapa. O longo título, de 38 linhas, informa quem são os “pilotos”, tais como: “A derrota que com canoas fez João de Souza de Azevedo do Cuyabá até o Grám Pará voltando pelo Rio Madeira ao Mato-Groço foi por informação do D.or Jozé Matias, que mandou a concobina” [no mapa do Itamaraty está “à Colombina”, indicando ser Francisco Tosi Colombina, autor do segundo mapa de Goiás, em 1751]; ou “O curço do Rio das Amazonas até o Gram-pará é copiada da Navegação de Mr. de Condemine, a qual se deve todo o credito”. São localizadas cidades, vilas, portos e diversas tribos de índios (chamados de “gentios”). Esta é uma região de conflitos entre portugueses e espanhóis, devido aos Tratados de Madrid (1750) e de Santo Ildefonso (1777, indicado por um pontilhado no Sul do Brasil), que marcaram os novos limites entre as possessões das duas metrópoles. Uma das anotações em Mato Grosso diz: “Cidade de Xeres, destruida pelos paulistas”. É uma referência ao bandeirante Antônio Raposo Tavares, que destruiu a cidade espanhola em terreno português, em 1648. Aparecem também, entre outras, as cidades de Buenos Aires, na Argentina, Montevidéu, no Uruguai, e Assunção, no Paraguai. Por estas informações, é razoável supor que o mapa tenha sido copiado por Manoel Ribeiro Guimarães em Vila Boa de Goiás, por volta de 1778, quando o autor acompanhava o então governador Luiz da Cunha Menezes.