A figura feminina lembra uma gravura de Robert Bonnart (1652-1733), artista cujas imagens influenciaram profundamente a obra azulejar do Mestre P.M.P., na qual ela surge como uma alegoria à Visão, um dos cinco sentidos. Deste modo, a observação do reatrato do amado faz despoletar na memória da senhora imagens do passado, um passeio num jardim murado onde, junto a uma estrutura arquitectónica em cujos nichos se encontram estátuas, se descobre uma fonte. Esta possui três bacias e o jacto de água que projecta eleva a grande altura a água que alimenta a estrutura. A fonte parece ser, neste contexto, a evocação da pujança dessa paixão, a imagem de um desejo que só não domina os intervenientes pois encontra-se perfeitamente circunscrito pelas convenções que, na época, refeariam quaisquer cedências ao exarcebamento sentimental.
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