Filho de Pieter Brueghel, o Velho, é uma das personalidades de maior originalidade no panorama artístico flamengo.
No âmbito da paisagem, Brueghel renova os motivos e o colorido tradicionais para inclinar-se no sentido de uma pintura de género com uma luminosidade admirável que os transfigura de forma extraordinária.
As alegorias aos Quatro Elementos já faziam parte da tradução pictórica flamenga, popularizadas em finais do século XVI através de séries de estampas que circulavam por toda a Europa. Jan Brueghel transformou o vocabulário simbólico destas cenas em paisagens deliciosamente luxuriantes e abundantes, descrevendo os seus elementos como se se tratasse de um gabinete de curiosidades.
É este o caso do quadro desta colecção. Apresenta ao centro da composição, no meio de uma paisagem que exibe uma flora ultra-imaginária impossível em território flamengo, quatro figuras alegóricas que ostentam os símbolos dos Elementos: o vaso que derrama água; a esfera armilar (ar); a tocha (fogo) e a cornucópia da qual brotam os frutos da terra.
Em primeiro plano, sobre o chão, estão representados animais, alguns exóticos como o macaco, e muitos frutos, flores e legumes minuciosamente descritos, com o rigor científico próprio de um manual de história natural. À esquerda, observa-se um braço de água onde está representado, em plano de fundo, com características miniaturais, um Cortejo de Neptuno, muito comum a estes temas dos Quatro Elementos, enquanto figura simbólica da Água. Peixes, moluscos, crustáceos e aves marinhas apresentam-se, também, pormenorizadamente representados junto ao seu elemento. No ar e nas copas das árvores podem observar-se aves e pássaros, e, uma vez mais, o elemento exótico encontra-se descrito na elaboração meticulosa dos papagaios, animais trazidos do Brasil pelos portugueses, que exibem plumagens coloridas.