A divulgação do texto do Apocalipse, acompanhado por comentários ao seu conteúdo e por profusas e significativas ilustrações, tornou-se muito frequente em Inglaterra, em meados do século XIII.
O exemplar exposto que apresenta afinidades iconográficas e artísticas com outros Apocalipses da época, como o de Lambeth e de Abingdon, terá sido produzido numa oficina de Londres, para um importante patrono.
Em cada fólio, o texto religioso e os comentários de Berengaudo, delimitados por bordaduras de arabescos, constituem uma coluna, encimada por uma miniatura. Estas miniaturas são enquadradas por uma moldura retangular, apenas em alguns casos extravasada por personagens ou estruturas arquitetónicas; nelas, a ação decorre em espaços cénicos muito apertados e densamente povoados, onde o ouro e as cores de tonalidades quentes reforçam a sua intensidade.
A primeira miniatura (fl.1) deste códice representa S. João, reclinado e adormecido na ilha de Patmos, onde acabou de receber a mensagem de Cristo trazida pelo anjo que sobrevoa a parte superior da cena. Ao seu redor, no mar verde povoado por grandes peixes, navega um barco com um cão sobre a cabina e estão representadas mais três ilhas e o mar do Bósforo.