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Atena ou Minerva

1725/1750

Museu Nacional do Azulejo

Museu Nacional do Azulejo
Lisbon, Portugal

Raras vezes se encontra na azulejaria portuguesa uma figuração feminina tão graciosa como esta representação de Atena ou Minerva, deusa que na Antiguidade Clássica personificava a Sabedoria, as Artes e a estratégia que preside à guerra. Composto como se se tratasse de um retrato de vulto, em dimensão maior que o natural, o painel remete para uma das expressões da imagem de aparato muito em voga no período barroco. A impositiva moldura simulando pesada talha que, sem dificuldade, imaginamos dourada, integra no remate três serafins, numa fusão de elementos ligados ao culto católico, assim associados a uma imagem pagã da mitologia antiga. Circunscrita por este emolduramento, a deusa observa-nos, numa postura de guardiã, quase como se de uma "figura de convite" se tratasse, com o seu papel de protetora acentuado pelo escudo com a cabeça da outrora bela Medusa, cuja mirada transformava em pedra aqueles que com ela cruzassem o olhar. Ainda que o local a que se destinava seja hoje ignorado, tudo parece indicar que o painel se encontraria na entrada ou em destaque no espaço, numa quase evocação da Fortitude, virtude cristã que, por vezes, se assemelha a esta figura. São conhecidos conjuntos de painéis deste período em que podemos observar personagens de grande dimensão, também elas enfatizando um aspeto ilusionista na sua representação e colocação. Entre elas contam-se as oito heroínas do Antigo Testamento (Rute, Raquel, Ester, Judite, Abigail, …), colocadas nas janelas do Coro Alto do Convento da Madre de Deus, parte integrante do Museu Nacional do Azulejo, e os quatro painéis que compõem a entrada da Capela do Museu da Pólvora Negra, em Barcarena, nos arredores de Lisboa. Estes últimos, também pertencentes à coleção do Museu Nacional do Azulejo (Inv. 6938 Az), encontram-se em depósito neste local, onde estavam aplicados, ainda que não seja esse o seu espaço de origem. No entanto, ao invés do que ocorre com a figura de Atena, totalmente circunscrita pela moldura que a enquadra, as imagens dos santos em Barcarena (Santa Catarina de Alexandria e os Santos André, Adriano e António) e das mulheres bíblicas, ainda que colocadas como se de esculturas se tratassem, em cima de pedestais, procuram sair do confinamento das suas molduras. Deste modo elas procuram contrariar a sua dimensão estática, procurando entrar em contacto mais direto com o espaço real e, deste modo, tentar assegurar para si esse estatuto dinâmico de "figuras de convite".

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  • Título: Atena ou Minerva
  • Data de Criação: 1725/1750
  • Localização física: MNAz, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa, Portugal
  • Dimensões físicas: 257.5 cm x 144 cm
  • Proveniência: Desconhecida (Coleção Comandante Ernesto Vilhena)
  • Material: Faiança a azul sobre branco
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