Os autorretratos de Visconti, quando considerados em seu conjunto, apresentam uma trajetória artística bastante movimentada, e ilustram claramente as diversas experimentações estilísticas e formais pelas quais o artista enveredou ao longo de seus quase sessenta anos de trabalho. Obras de sabor acadêmico convivem, em seu corpo de trabalho, com outras de cunho neorrealista, pré-rafaelita, divisionista, impressionista, simbolista etc. Espírito irrequieto e experimentador, respeitado tanto pelas figuras artísticas mais conservadoras de seu tempo como pelas mais inovadoras, Eliseu Visconti elaborou um estilo bastante próprio, no qual todas essas tendências acabaram por convergir. os gêneros da pintura.
Este autorretrato, executado por Visconti quando ele tinha cerca de 40 anos, estabelece os atributos que figurarão na maior parte de seus autorretratos posteriores: a barba, o chapéu e a gravata borboleta (os óculos serão adicionados mais tarde). No início de sua carreira, quando ainda era aluno da Academia Imperial de Belas Artes, e, posteriormente, como primeiro pensionista da República brasileira em Paris, onde residiu entre 1893 e 1900, Visconti representava-se com o olhar fixo e determinado, quase agressivo. Essa imagem foi gradualmente substituída por outra, quase debochada, de olhar mais galhardo e sorriso maroto, representando a clássica imagem do bom velhinho.