Da junção entre conceitos que convocam áreas diferentes, surge a obra “Celosía Poliédrica Flotante”. Por um lado, o termo “celosía”, na área da botânica, identifica o gênero da planta popularmente conhecida como crista-de-galo. Por outro, é impossível não registrar que, em espanhol, a palavra celosía remete de imediato à arquitetura, como denominação da estrutura decorativa vazada que permite a comunicação entre dois ambientes, frequentemente interior e exterior, e pode ser traduzida como cobogó, treliça, muxarabi. Na aquarela, os elementos modulares que se repetem como se fossem parte de uma fachada evocam a arquitetura, mas ao mesmo tempo adotam o formato do crescimento orgânico vegetal. A ambiguidade da celosiaé ilustrada em um protótipo único, que no momento em que harmoniza arquitetura e natureza, também transmite uma sensação claustrofóbica. Los Carpinteros aproveitam a liberdade ilimitada do trabalho em suporte bidimensional para ensaiar uma reflexão teórica sobre o espaço e devolvem um modelo que conecta a abstração concreta com referências naturais. Tal modelo, no entanto, é conceitualmente desafiado por mais um componente racional, o poliedro, que, no campo da geometria, adjetiva o objeto ambivalente, multiplicando suas possibilidades. O título da obra adverte que o resultado dessa combinação estará sempre em constante mutação, oscilante entre o que é possível delimitar e o infinito – uma quimera.