"Boudeuse" ou "Amuada" representa uma jovem mulher, em primeiro plano, debruçada sobre uma cancela, com o corpo de frente para o observador, mas com o rosto virado à esquerda. Num plano mais afastado, à direita, está um rapaz de braços cruzados, encostado ao tronco de uma árvore. A cena decorre sob um céu cinzento, carregado de nuvens. A composição tem uma profundidade de campo assinalável, com a figura central da rapariga e um imenso prado verde por trás dela a ocupar mais de três quartos, até à linha do horizonte, marcada por um pequeno monte com arvoredo, algumas casas e um pequeno curso de água, à direita. A obra propõe simultaneamente um arrojado exercício de pintura de paisagem e uma cena de género, cuja leitura é de imediato vinculada pela associação do título e de toda uma narrativa que este sugere: trata-se de um arrufo de namorados, a jovem vira as costas ao rapaz, desviando o olhar para baixo e para a direita, com o rosto fechado, sisudo. O rapaz aguarda atrás com ar pensativo, levando a mão ao rosto e olhando tristonho para o chão. Vestem ambos trajes característicos da Bretanha, região onde José Júlio de Sousa Pinto viveu praticamente toda a vida e onde a sua obra alcançou reconhecimento. Sousa Pinto teve uma longa e prolífica carreira e foi, sem dúvida, de entre toda uma geração de alunos pensionistas do Estado, o mais bem sucedido internacionalmente. A sua obra, tecnicamente muito qualificada, manteve-se fiel ao Naturalismo na linha do pintor Bastien le Page, representando frequentemente os aspectos anedóticos do universo rural da Bretanha e apelando eficazmente à empatia do observador pela linearidade das narrativas propostas.