Cristo crucificado. Exemplo singular no panorama da arte medieval portuguesa dado tratar-se de uma escultura articulada, em madeira e com vestígios de policromia. É articulada na cabeça, nos braços, nos joelhos e nos pés. A existência deste tipo de imagem deve ser entendida na sua relação com os rituais da Semana Santa, representativo do 'Descimento da Cruz' ou das cerimónias da 'Deposição no Túmulo'. As articulações dos membros permitiam que a imagem fosse apresentada de joelhos carregando a cruz, facilitando a encenação realista da crucificação e descimento de Cristo. Este Cristo apresenta algumas semelhanças formais com o Cristo datado de 1147 do no Museu Nacional de Arte da Catalunha (Barcelona). Análises feitas à madeira provaram que a escultura é do séc. XIII. Imagem articulada destinada a ser usada no contexto das celebrações da Semana Santa, nomeadamente na Procissão de Passos e no Auto do Descimento da Cruz. A escultura, do período medieval, poderá ter sido adaptada num período posterior, quando se generalizaram os atos públicos da Paixão de Cristo.