A montagem desta composição evoca as decorações azulejares que ainda hoje subsistem na Sé Velha de Coimbra. Este templo românico em calcário amarelo, cuja construção remonta ao início do século XII, é constituído por três naves, transepto saliente e cabeceira tripartida. Das várias campanhas de obras e remodelações aí realizadas, é de realçar a efectuada no início do século XVI, pela mão do Bispo D. Jorge de Almeida (1458-1543). É nesta época que o seu interior é completamente revestido com azulejos sevilhanos, incluindo pilares, naves e vãos. A grande variedade de padrões empregue possibilitou uma enorme conjugação de soluções decorativas, demonstrando, desde logo, uma das características diferenciadoras do uso do azulejo em Portugal – a sua perfeita articulação com as arquitecturas. Actualmente, a presença da decoração azulejar quinhentista encontra-se bastante truncada. Um grande número de azulejos, nomeadamente os que cobriam as colunas, foi retirado em finais do século XIX, numa campanha que pretendia devolver ao templo a pureza do seu estilo primitivo, fruto da corrente restauradora que vigorava na época. Os exemplares que subsistem encontram-se nalguns panos murais das naves laterais. Felizmente, chegaram até nós alguns documentos ilustrativos do que seria o revestimento azulejar inicial, como é o caso das fotografias de Charles Thompson (1866) e dos desenhos de Karl Haupt (1886-88), que nos permitem ter uma ideia da grandeza deste projecto decorativo que, a par do Palácio Nacional de Sintra, irá marcar o uso do azulejo em Portugal. Produção de Lisboa.