Condomínio

Fui convidado a preparar uma instalação para um espaço localizado na parte de baixo da cozinha do antigo Hospital Umberto I, também conhecido por Matarazzo. Por coincidência, era onde, há vários anos, um português tinha uma lanchonete de apoio ao staff do hospital. A partir desta referência, quis falar da relação entre o trabalho deste emigrante português, a ideia de um lugar desejado e a preservação dos alimentos, e de uma memória. Isto porque o espaço se manteve inalterado durante 20 anos, sofrendo unicamente o desgaste do passar do tempo. Construí uma peça a partir de uma geladeira antiga que transformei em maquete de um edifício. No processo foram-lhe embutidas caixas de acrílico de várias cores que simulam pequenos apartamentos, cujo recheio são geladeiras e outros eletrodomésticos em miniatura. Todo este conjunto é elevado por quatro tripés metálicos que lhe dão uma distância de segurança em relação ao chão. Esta separação reflete uma realidade incontornável na cidade de São Paulo, que me impressionou muito: os nichos de segurança e proteção (e isolamento) que são os condomínios privados.