CO-1374
Costa, Álvaro M. Ribeiro da. [Carta] 1950 jul. 1, Rio de Janeiro, RJ [para] Candido Portinari; Maria Portinari, Paris. 2 p. [manuscrito]
Portinari, Maria
Faz tempo recebemos notícias dos queridos amigos, de passeio pela Itália, pelos seus cartões, aqui e ali, sem pouso certo.
Ontem, em casa de [ilegível], onde almoçamos, inclusive com as meninas, vindas, na véspera, de Paris, encontramos o Scliar e ele nos deu notícias, fornecendo o endereço, de que ora nos valemos. Enfim!
Agora, digam-nos que tal aí vai a vida; Maria está de todo curada? E o João Candido? E Paris? E tudo? Portinari, já sabemos, cada vez maior, pelo que nos contou, com emoção, o Scliar. Bem que o seja, para a arte e, principalmente, para o próprio artista, que tudo merece, pelo seu gênio.
Se temos saudades dos amigos, por outro lado nos confortamos de saber que se encontram bem e onde, em verdade, no momento, é melhor que estejam!
Aqui, nada de bom, nem de alvissareiro. Alimentamos grande esperança de fazermos em março nossa antiga e projetada viagem à Europa. Será que a realizamos? Bem que a merecemos pelo constante amor à arte, à tradição e à civilização, embora tudo se apresente, agora, mais que nunca, precário e difícil.
Política interna confusa, caótica e, sobre certos pontos, indefinida. Que destino nos aguarda, não sabemos.
Adalita espera criança em agosto. Seja tudo bem sucedido e seremos avós. É já isso verdade? Envelhecemos ou nos renovamos?
Aguardamos notícias e aqui, como sempre, recebemos suas ordens, com afetuosos e saudosos abraços.
Álvaro e Gelsa.
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