Sat, 30110/2003
Bloco da cultura
Frente quer tirar da reforma tributária o corte dos incentivos fiscais do ICMS
Geraldo Magela BG Press
Paulo Nicolella
BELISA RIBEIRO
BRASÍLIA - Zezé de
Camargo e Luciano de
braços com Lobão, Débora
Colker talvez
coreografando algum
desenho do Ziraldo e o
artista plástico Ivo de
Granato, quem sabe,
inspirando-se na bela
Patrícia Pillar para futuras
obras. O elenco variado é
esperado hoje, no Senado,
para o lançamento da
Frente Parlamentar Pró
Cultura, que já conta com a
adesão de 23 senadores e
começa com uma missão
polêmica: entrar na briga
para reforçar apoio à
emenda, aprovada ontem
pela Comissão de
Educação da Casa, que
retira de vez da reforma
tributária o fim dos
incentivos fiscais do ICMS
para projetos culturais. A
proposta é simplesmente
abominada pelo ministro
da Fazenda,
Antônio
Palocci, para quem o
Imposto sobre Circulação
de Mercadorias não pode
ter exceção alguma de
cobrança.
O ministro da Cultura,
Gilberto Gil - que estará
desempenhando no
lançamento da Frente o
papel, se não de porta
estandarte, pelo menos de
destaque de honra- disse
ao Jornal do Brasil que,
neste enredo, a nova ala é
fundamental
- A principal conquista
da Cultura está sendo a
consolidação do
ministério. Para isso, é
v globo
gil Yinisto
da cultura
MERCADANTE (E) recebe apoio de Gil no lançamento da Frente
imprescindível colocar o
bloco da cultura na rua. E
ele está agora no
Congresso, com uma das
alas mais importantes.
da política e estamos
criando esta frente para
que ela seja tratada como
excepcionalidade nas
negociações
internacionais, para que
não seja uma mercadoria
qualquer. E para estimular
todas as formas de inclusão
social. Além de contribuir
A idéia de formar a
frente é do senador Aloizio
Mercadante (PT-SP), que
anunciou a proposta em
julho, ao ser homenageado
pelo seu empenho
na aprovação da lei
de combate à
pirataria. De
início, oito
senadores
aderiram. Até
ontem à tarde,
eram 23.
Mercadante disse
que pretende levar
a nova frente a atuar até
em foros internacionais
como o da Organização
Mundial do Comércio
(OMC):
- Ao longo da história, a
política tem precisado
mais da cultura do que a
cultura da política. Nesse
momento, a cultura precisa
para a auto-estima
do povo, a cultura
tem um papel
importante na
criação de
empregos, renda e
desenvolvimento.
Presidente da
Comissão de
Educação do
Senado, o senador
Osmar Dias (PDT-PR)
ressalta a importância da
emenda aprovada ontem.
Ele também destacou a
importância da união de
parlamentares em um
grupo de ação
especificamente
para a cultura
- Metade de todo o
voltado
Emenda foi
aprovada
ontem pela
Comissão
de Educação
do Senado
financiamento da cultura
no país vem desses
incentivos fiscais. Somente
no ano passado foram R$
170 milhões. Não
concordamos com a
proposta que veio da
Câmara, que era mantê-los
até 2007, nem com a
proposição do senador
Romero Jucá (PMDB-RR),
relator no Senado, de
postergar a extinção dos
incentivos por 11 anos. Seria
apenas adiar o problema. A
Frente será um instrumento
importante no apoio a esta
emenda. A prova da
necessidade deste tipo de
iniciativa são os resultados
que vêm sendo conseguidos,
por exemplo, pela Frente da
Saúde - compara, citando a
recente vitória do grupo na
disputa por verbas
do
orçamento da União para a
área da saúde.
A emenda aprovada
ontem na Comissão de
Educação permitiria que
os incentivos fiscais com
base no ICMS
continuassem a ser
concedidos
indefinidamente. Uma
proposta anterior,
elaborada pela Câmara dos
Deputados, mantinha os
benefícios por cinco anos.
O relator da Comissão no
Senado, Romero Jucá,
ampliou o prazo para 11. O
ministro Palocci é contra
porque acredita que abrir
exceções, em qualquer
campo, alimenta a guerra
fiscal entre os Estados.
Resta saber o que pensa o
contribuinte, que ainda
não foi ouvido.