CLIENTE: Gilberto Gil
VEÍCULO: Jornal do Commercio Brasil - RJ
SEÇÃO:
País
31/07/2008
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SERVICE DATA:
DANIEL PEREIRA
DO CORREIO BRAZILIENSE
ESPLANADA - Depois de cinco anos e meio à frente da Cultura no governo Lula, ministro decide sair para se dedicar
à carreira musical e à família. O secretário - executivo da pasta, Juca Ferreira, filiado ao PV, deve assumir o posto
Gil deixa o Ministério
O
presidente
Luiz
Inácio Lula da Sil-
va aceitou ontem,
durante reunião
no Palácio do Pla-
nalto, pedido de demissão
apresentado pelo ministro da
Cultura, Gilberto Gil. Secretá-
rio-executivo da pasta,
Juca
Ferreira, filiado ao PV, deve
assumir o posto, segundo o
próprio Gil. A substituição se-
rá formalizada quando Lula
voltar da viagem à China, na
segunda semana de agosto.
Elogiado pelo presidente, o
ministro deixará o governo
para se dedicar à carreira mu-
sical e à família. Ontem, ele
disse que a música Refazen-
da, de sua autoria, marcou a
passagem pelo
governo Lula,
o qual estaria "refazendo" a
administração pública e as
políticas sociais
Gil também afirmou que
pretende se afastar da vida
partidária. Além disso, decla-
rou experimentar um "senti-
mento de perda" na esteira da
demissão. "Foram cinco
e meio de um convívio muito
importante, de um governo
historicamente importante,
marcante para o Brasil", disse
ele, depois da reunião. "Minha
GILBERTO GUI
MINISTRO DA CULTURA
Foram cinco anos e
meio de um
convívio muito
importante, de um
governo
historicamente
importante,
marcante para o
Brasil. (...) Deixo o
ministério por
demandas pessoais,
mas com um certo
ar de saudade".
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sensação geral é a melhor
possível. Deixo o ministério
por demandas pessoais, mas
com um erto ar de saudade."
0 stro avia mani-
festado a intenção de sair do
governo no fim do primeiro
mandato de Lula. Em dezem-
bro do ano passado, retomou
a carga, mas foi convencido a
continuar pelo presidente. A
conversa foi realizada durante
um jantar, sucedido por um
carteado, que durou até as 2h.
Na ocasião, Lula disse que
poderia se licenciar para fazer
shows no Brasil e no exterior
quando bem entendesse. O
presidente fez
a concessão
por uma combinação de fato-
res. Primeiro, por apreciar o
otimismo do ministro. Segun-
do, por considerar que ele lus-
trava a imagem do governo
brasileiro no exterior. E, ter-
ceiro, por acreditar que as li-
cenças não prejudicariamo
trabalho da pasta. Como
acerto selado, Lula achou que
contaria com Gil na equipe
pelo menos até o fim do ano.
CRÍTICAS. O cronograma foi
abreviado porque o ministro
se sentiu incomodado com
"notinhas plantadas"
em co-
lunas de jornais, muitas delas
destacando os longos perío-
dos de licença ou de pouca
disponibilidade de tempo pa-
ra o trabalho em gabinete.
Neste ano, Gil se ausentou do
ministério em abril e junho,
por meio de licenças, e em ju-
Tho, quando gozou férias. Ém
setembro, tiraria licença de
novo, para uma turnê pelo Ja-
pão. "As críticas existem des-
de a convocação inicial e fo-
ram sendo atenuadas à medi-
da que o desempenho do mi-
nistério foi se impondo", rea-
giu, ontem, o ministro.
Antes da reunião, o presi-
dente já havia deixado claro,
ao chegar ao Palácio do Ita-
maraty para almoço com o
presidente da Costa Rica, Os-
car Arias Sánchez, que acei-
taria o pedido de demissão
do ministro. "Ele teve uma
grande recaída: voltar a ser
um grande artista. Ele vai
priorizar o que é importante
para ele", afirmou. Se efetivar
Juca Ferreira como ministro
da Cultura, o presidente dará
um passo importante para
aproximar o PV do governo.
O partido está dividido inter-
namente no que diz respeito
à relação com o Planalto. Ao
bancar Juca, o nível de fideli-
dade da legenda ao governo
nas votações na Câmara po-
de aumentar. Pelo menos é
esse o recado da ala do PV
empenhada na efetivação do
secretário-executivo.