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Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil

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Brasil

  • Título: Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil
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    ra brasileira. Diferentes brasileiros produzem de maneiras diferentes suas visões de mundo e seus estilos de vida, incluindo a sua definição circunstancial do ser brasileiro e do que é e não é "brasileiro". Essas de- finições, na verdade, competem umas com as outras, buscando im- por seu ponto de vista e conquistar a hegemonia no espaço mental da na- ção. Mas nem todas elas têm o mes- mo poder. Algumas aparecem e de- saparecem rapidamente. Outras são sustentadas por interesses econômi- cos e políticos tão bem organizados que ganham durabilidade e condi- ções de abafar as outras, embora a "unidade" assim criada tenha pernas curtas, nunca seja eterna. É uma “uni- dade" falsa, precária, efêmera. Por- que o país e sua cultura não só se configuram a partir de focos diver- sos, como se acham em permanente mudança. O Brasil pode não ser si- nônimo de feijoada, mas de tucupi. Pode não ser sinônimo de orla marí- tima, mas de pororoca. Pode não ser sinônimo de orixá, mas do Bom Je- sus da Lapa. E é com essa diversida- de interna que temos de nos haver. Engana-se, ao mesmo tempo, quem acha que essas várias culturas brasileiras existem como mundos iso- lados, sem alianças e sem trocas en- MINISTÉRIO DA CULTURA tre si. As fronteiras entre esses mun- dos são porosas, mudam de posição freqüentemente - e, para cada mon- tanha que isola, há um rio que apro- xima, conduzindo pessoas e signos. As culturas populares das várias regiões e micro-regiões do Brasil têm histórias de contato com as culturas eruditas e a indústria cultural. Não é um fenômeno recente. A polca, por exemplo, foi uma espécie de rock ou funk do século 19. Sem a polca, não haveria salsa, merengue, tango - ou o maxixe, elemento fundador na his- tória moderna do nosso samba. E há coisas ainda mais distantes no tem- po, anteriores à existência de esta- dos nacionais, que hoje são aciona- das para definir nações. O que signi- fica que acreditar na autenticidade é apenas uma maneira de fingir que toda cultura não tem origem na im- pureza, na troca, na mistura. Voltando à história da polca em terras americanas, podemos perceber um outro ponto, para o qual Ernesto Valença também chama a nossa aten- ção, ao dizer que "as localidades e as comunidades continuam a inven- tar suas formas de identificar seus iguais, de manterem-se diferentes apesar da tentativa de padroniza- ção". Nada é mais fácil de constatar. É claro que poderosas forças
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