CLIENTE: Gilberto Gil
VEÍCULO: O Estado de S. Paulo - SP
Cidades/Metrópole
22/12/2007
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DATA:
CRIME NO MUSEU Depois do furto
Presidente do Masp
admite falha na segurança
Durante 30 anos, obras permaneceram sem sistema de proteção;
equipamentos atuais foram adquiridos em 2000 e já estão obsoletos
Silvia Amorim
O presidente do Museu de Arte
de
São Paulo (Masp), Julio Ne
ves, admitiu ontem que o siste-
ma de segurança do museu está
obsoleto e culpou a falta de re-
cursos pela demora na sua subs-
tituição. Segundo o arquiteto,
os equipamentos que "vigiam"
o maior acervo de obras de arte
da América Latina foram adqui-
ridos há sete anose, nesse perío-
do, não tiveram atualização.
"O Masptem 60 anos de ativi-
dade. Durante 30 anos, não tive-
mos nenhum equipamento de
segurança. Os que temos hoje
foram objetos de doações e com-
pras que conseguimos fazer no
começo de 2000", disse Neves.
As câmeras de vídeo, por exem-
plo, não têm dispositivo infra-
vermelho, que permitiria identi-
ficar pessoas no escuro.
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"O sistema que
temos não conta
com esse alarme
(sonoro)", diz
Julio Neves
Questionado se a demora na
modernização ocorreu por fal-
ta de dinheiro, ele foi categori-
co. "Exatamente. Nós ainda
não tínhamos os recursos para
SERGIO CASTRO/AE
RESPONSABILIDADE-Gil, em evento com Neves, exime ministério
poder fazer." Na madrugada de
anteontem foram roubados
dois quadros do acervo do mu-
seu avaliados em R$ 100 mi-
lhões: O Lavrador de Café, de
Portinari, e o Retrato de Suzan-
ne Bloch, de Picasso.
Neves afirmou que há 15 dias
foi informado que o governo fe-
deral aprovou projeto do Masp
para captação de R$ 8,1 milhões
junto a iniciativa privada pela
Lei Rouanet. O processo levou
dois
anos, segundo o presiden-
te. “Já captamos uma parte des-
ses recursos. Espero, até o fim
do ano, conseguir o restante. Te-
mos recebido telefonemas de
empresas que querem ajudar."
SEM ALARME
Parte desses recursos, disse Ne-
ves, será usado para moderni-
zar a segurança do museu. Em
cerimônia ontem, em São Pau-
lo, ao lado do governador José
Serra (PSDB) e do ministro da
Cultura, Gilberto Gil (PV), o ar-
quiteto admitiu que o Masp não
tem alarme sonoro nem sensor
por aproximação às obras de ar-
te. "O sistema que temos não
conta com esse tipo de alarme.
Quando compramos, não havia
isso. Vamos adequar agora."
Apesar das deficiências, o
presidente do Masp negou que
a segurança fosse falha.
"O que
a gente tem, outros museus
do
Paístem igual, mas não melhor.
O sistema funcionava, tanto
que houve duas tentativas de
roubo e não conseguiram na-
da." Mas ponderou: "Agora va-
mos fazer tudo que tem que
ser feito".O arquiteto prome-
teu buscar no exterior o que
há de mais moderno.
Neves não descartou a
participação de funcionários
do Masp no roubo. "É muita
leviandade de minha parte
adiantar alguma coisa que es-
tá sendo objeto de investiga-
ção. Mas achoque tudo é pos-
sível de acontecer", afirmou.
O arquiteto desconfia de
que o roubo tenha sido resul-
tado de uma encomenda.
"Acho estranho três pessoas
entrarem para assaltar, pe-
garem uma obra numa pon-
ta, atravessarem o salão in-
teiro, onde estavam dezenas
de obras muito mais valio-
sas, e não terem mexido em
nenhuma", comentou.
Ele disse estar confiante
na localização dos dois qua-
dros. “Acredito que, neste
momento, todas as galerias
do mundo já estejam
com os
dados
das duas obras. Então,
temos esperança e desejo
de
que isso seja recuperado."
INSTITUTO DE MUSEUS
Gil eximiu o Ministério de
responsabilidades no caso
Ele acredita que o roubo te
nha sido feito por "gangues
internacionais". Ea aprovei-
tou para anunciar a criação
do Instituto
Brasileiro de Mu-
seus para cuidar dos mais de
2.500 museus do País..
Vigias são só
'orientadores com
de público'
Com o tempo, profissionais foram
desviados da função original
Bruno Tavares
Jotabê Medeiros
Josmar Jozino
Promotor cogita
possibilidade até
de barrar mostras
Funcionários do primuseu Combate ao Crime Organizado
...O promotor Arthur Lemos, do
de
Nenhum dos 58 vigias do Mu-
seu de Arte de São Paulo
(Masp) tinha treinamento para
se a privada.
- alguns contratados há mais
de dez anos, eles têm nas car-
teiras de trabalho registro de
"orientador de público". Como
passar dos anos eo agravamen-
toda crise financeira, esses pro-
fissionais foram desviados de
suas funções originais.
(Gaeco), designado pelo Ministé-
rio Público para acompanhar as
investigações da Polícia Civil,
informou ontem que o MP pode
determinar uma atitude drasti-
ca, como a cessação de qualquer
exposição no Masp", caso sejam
constatadas graves irregularida-
des no museu. "O Gaeco ainda
vai encaminhar a promotoria fa-
tos e históricos quanto à deficien-
cia na guarda dos quadros para
eventual procuração ou até ação
mais drástica." CARINA FLOSI
"Ninguémestá
registrado co-
mo segurança privada", disse
ao Estado o delegado seccional
em exercício Edison Giatti
Lahoz. Para atuar como segu-
rança, diz ele, os funcionários
do Masp teriam de ter autoriza-
ção da Polícia Federal. "Esses
homens possuem experiência
mediana no ramo de segurança
patrimonial."
A equipe de segurança do mu-
seu é dividida em duas - a com-
posta por 46 a 48 funcionários
se reveza na vigilância diutur-
na. Para situações de emergên-
cia, 12 ficam à disposição. A ad-
ministração do Masp informou
que os vigias dispõem de walkie-
talkies para se comunicarem
durante as rondas e dominam
um código para acionar os prin-
cipais diretores do museu-Fer-
nando Pinho, superintendente,
e Júlio Neves, presidente - em
suas casas. O museu não usa
sensores, segundo a administra-
ção, pois o prédio tem especifici-
dades arquitetônicas - como o
pé-direito muito alto, o que im-
possibilita a instalação desses
equipamentos.
Para investigar a participa-
ção de funcionários do Masp no
furto dos quadros de Cándido
Portinari e Pablo Picasso, a 10
Seccional montou uma lista
com 40 nomes de empregados-
13 já foram ouvidos. •