CLIENTE: Gilberto Gil
VEÍCULO: Diario de Pernambuco - Recife
Viver
07/12/2007
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cançoes
TERESA ALBUQUERQUE
DO CORREIO BRAZILIENSE
ara quem gosta de fazer listas, ou de reclamar delas,
o jornalista Robert Dimery editou um compendio de
960 páginas que agrada a gregos e troianos. Em 1001
discos para ouvir antes de morrer, recém- lançado no Brasil pela
Sextante, 90 críticos de música de diferentes pontos do mun-
do selecionam e comentam os álbuns mais relevantes dos
anos 1950 para cá. Isso mesmo, os principais 1001. Ainda as
sim, há controversias. Afinal, o que seriam das listas sem elas?
A viagem começa com in the wee small hours, lançado por Frank
Sinatra em 1955, pouco depois do fim do romance com a
atriz Ava Gardner - o melhor álbum sobre o tema separação",
segundo Will Fulford-Jones, que assina a resenha. Na parada
final, dois discos de 2007: Noon bible, do grupo canadense Ar
cade Fire, e The good, the bad the queen, que Damon Albarn (a
voz do Blur) gravou com Paul Simonon (baixista do Clash), Si-
mon Tong (guitarrista do Verve) e Tony Allen (baterista do
Afrobeat).
Grande parte do volume é dedicada ao rock (não à toa, Sid
Vicious, baixista dos Sex Pistols, está na capa), mas há discos
de jazz, blues, soul, rap, reggae e até MPB. Cada um deles vem
acompanhado de detalhes como selo, data, nacionalidade,
duração, lista de faixas, produtor, autor do projeto gráfico, além
de curiosidades sobre as gravações, os bastidores. Apresenta-
dos em ordem cronológica e selecionados por critérios obvia-
mente subjetivos, os títulos acabam por traçar bom painel da
música pop dos últimos 50 anos.
Uns álbuns estão lá porque são realmente clássicos, como
Here's Little Richard (1957), Stan Getz e João Gilberto (1963). Are you
experienced? (1967), de Jimi Hendrix, e Never mind the bollocks
(1977), dos Sex Pistols. Outros entraram porque fizeram suces-
So, venderam muito, a exemplo de CrazySexyCool (1994), das me
ninas do TIC. Há gente que vai e volta no calhamaço-os Bea-
tles têm sete álbuns citados; os Rolling Stones, seis: Radio-
head, cinco; Nick Cave, quatro. Mas bom mesmo é ver um mon
te de discos experimentais ali. Inclusive São Paulo confessions,
do iugoslavo Suba, que morreu em 1999, num incendio no
apartamento dele, na capital paulista.
Colaborador de revistas como Time Out e Vogue, o editor Ro-
bert Dimery teve a ajuda de Michael Lydon lo prefácio é de
le), um dos fundadores da revista Rolling Stone, autor de bio
grafias de Lennon e McCartney. Iydon vive em Nova York: D-
mery, em Londres. Seria natural que eles focassem no umbi-
go e ficassem por ali mesmo, no eixo mais rock n'roll do pla-
neta. No entanto, trataram de olhar para os lados, chaman-
do críticos de outros países para escrever, inclusive gente da
Austrália e da África do Sul.
Brasileiros - Embora não haja nenhuma resenha de jorna-
lista sul-americano, o Brasil comparece com 18 discos. Tres de
les são da família Gilberto - João, na dobradinha com Stan
Getz; a ex-mulher dele, Astrud, com Beach samba (1967); ea fi-
Iha, Bebel, com Tanto tempo (2000). Jobim vem junto de
Frank Sinatra, em Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jo
bim (1967), e um pouco depois, ao lado de Miúcha, Toquinho
e Vinicius, em Ao vivo no Canecdo (1977).
Também estão na compilação Vento de maio (1978), com Elis
no auge de seu talento, "cantando cada linha com a máxima
precisão e habilidade ritmica", segundo o norteamericano
Andrew Gilbert; e Clube da Esquina (1972), de Milton Nasci-
mento e Lo Borges, "magnífica coleção de canções", nas pala-
vias do mesmo Gilbert.
Lino Portela Gutiérrez, crítico espanhol, diz que Alfagamo
betizado, de Carlinhos Brown, apresenta uma fusão da heran-
ça musical tradicional do Brasil com a música moderna" e que
O resultado é simplesmente colossal". Sobre Ambar, de Maria
Bethânia, registra o "tom romântico, sem nunca descambar
para o sentimentalismo barato", "a voz madura e doce, impres
sionante e potente"
Caetano Veloso aparece duas vezes, com Circulado (1991) e
o álbum de estréia, de 1968, em que o critico inglês John
Lewis tenta explicar ao público angloamericano quem é o baia-
no-"hibrido de Brian Wilson, Stevie Wonder, Bob Dylan, Syd
Barrett. John Lennon e Bob Marley". De Jorge Ben estão os óti-
mos Africa Brasil (1976) e Gil 6 Jorge - Ogum
Xango (1975), esse
dividido com Gilberto Gil cadê o maravilhoso A tábua de es-
meralda?).
Do Sepultura, o livro cita Arise (1991) e Roots (1996). De Chi-
co Buarque, Construção (1971). E, sim, o cultuado Os mutantes
(1968) encabeça a lista dos brasileiros. Faltou Tom Zé. E Os No
vos Baianos, Secos & Molhados, Raul Seixas... Ou alguém per-
deria a chance de discordar de uma lista?
Com a ajuda de 90 críticos espalhados pelo mundo, Robert
Dimery aponta os melhores discos lançados dos anos 1950 para cá
JOÃO GILBERTO E
PATRIARCA DA FAMÍLIA
QUE TEM TRÊS
DISCOS CITADOS
NA COMPILAÇÃO;
AO LADO, FRANK
SINATRA, UM DOS
DESTAQUES DO LIVRO
EM 1001 DISCOS PARA OUVIR ANTES DE
MORRER, OS BEATLES COMPARECEM
COM SETE ÁLBUNS: DE WITH THE
BEATLES A ABBEY ROAD
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