DEAR SCIENCE
2 Beck
O grande disco do ano também é
aquele que mais soa como os Estados
Unidos de 2008 - desiludido, amedron-
tado com a guerra iminente e à beira
do colapso financeiro. Dear Science, se
gundo álbum do quinteto nova-iorqui-
no, serve como a comprovação do TV
On the Radio como um dos nomes mais
originais do rock contemporâneo. David
Sitek, guitarrista e produtor virtuoso, é
o maestro da refinada mistura de punk,
soul e batidas dançantes que resultam
em uma colcha de retalhos musicais
fascinante e com a cara deste século.
Para o TV On the Radio, o céu não é -e
nunca será -o limite.
the Radio
BECK
MODERN GUILT
Modern Guilt
Interscope / Universal
Dear Science
Interscope
VENCEDOR
Maduro, Beck deixou
os tempos de "loser"
Paratrás
O MELHOR ASPECTO DE MODERN GUILTE
que seu autor reaparece como se estives-
se em 2008, e não mais como um prodi-
gio dos anos 90. Consciente dos perigos
da síndrome de Peter Pan, Beck encon-
trou atalhos para experimentar e, ao
mesmo tempo, demonstrar sofisticação.
Psicodelia, folk, soul e funk tons abaixo
da energia adolescente, mas na medida
para quem se preocupa em fazer música,
não em aparentar que ainda é jovem.
Portishead
Third
Island / Universal
MESMO SEM LANÇAR UM DISCO NOS ÚL-
timos dez anos e explorando um gênero
enterrado - o triphop -. o Portishead
correuriscos. Em Third, o trio inglês não
se afastou do estilo consagrado, mas ofe-
receu uma especial atenção aos aspectos
sombrios e ruidosos. Felizmente, as ou
sadias não alteraram a dramaticidade
esperada. E, como nos velhos tempos,
a voz de Beth Gibbons continua linda e
mortalmente impactante.
Cat Power
Jukebox
Matador
VERSÕES PODEM SER FEITAS E AVALIADAS
como alternativas preguiçosas à compo-
sição. Por isso é dobrado o mérito de Cat
Power: no disco de covers, a cantora to
ma para si, com seu rouco aveludado e
triste, clássicos gravados por vozes mas-
culinas, como Bob Dylan e Frank Sina
tra, e divas como Nina Simone e Billie
Holiday. Os arranjos chiques da The
Dirty Delta Blues só ajudam a arrematar
a personalidade do álbum.
6 Al Green
Lay It Down
Blue Note / EMI
O LENDÁRIO SOULMAN RETORNOU EM
disco como sempre deveria soar. E AL
Green nunca esteve tão Al Green, com
direito a mensagens divinas de amor e
seus incomparáveis falsetos e gemidos,
O produtor ?estlove fez questão de dei
xaro mestre à vontade, só se preocupan
do em adicionar a modernidade necessá-
ria para o álbum não soar ultrapassado.
Nem precisava: Green deixa evidente
que ainda tem muito a oferecer.
ENGAJADOS
OIV On The Radio
faz rock globalizado
em sintonia com as
mazelas do mundo
MGMT
Oracular Spetacular
Son/IMG
A VISÃO MUSICAL DE ANDREW VAN-
Wyngarden e Ben Goldwasser envolve
rock, eletrônica, R&B e psicodelia. A
proposta fica clara no primeiro álbum
da dupla, uma das melhores estréias do
pop nos últimos anos e uma combinação
eficiente de groove, bom humor e emo-
ções múltiplas - como um disco pode
ao mesmo tempo soar tão dark quanto
idealista? A esquizofrenia dá a dica: esta
é a trilha sonora dos realistas.
The Raconteurs
Consolers of the Lonely
Warner Music
JACK WHITE E BRENDAN BENSON NAS-
ceram para escrever grandes músicas.
Quem duvidava disso ainda não ou-
viu as belas baladas "Many Shades of
Black" e "You Don't Understand Me".
Mas, se o negócio for rock raso e despre
ocupado, o quarteto também não de-
cepciona com "Salute You Solution" ou
"Five on the Five". E, a cada novo disco,
o Raconteurs se afasta do estigma de ser
apenas a outra banda de Jack White".
ROLLING STONE BRASIL, JANEIRO 2009 77
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