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Documents from Gilberto Gil's Private Archive

Instituto Gilberto Gil

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Brazil

  • Title: Documents from Gilberto Gil's Private Archive
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    Plural atendendo ao direito de terceiros. Para produções culturais, na maioria absolu- tíssima dos casos, cedemos sem cobrar". Questões de preço e precariedade tal- vez expliquem o grau de raridade a que chegou grande parte da história visual da música brasileira. Mas aqui há outro pa- radoxo. Se tem interesse por música, você provavelmente já viu imagens surpreen- dentes de Simonal, Mutantes, Secos & Molhados ou Titãs, no site YouTube. CULTUADOS, E INÉDITOS Filmes recebem elogios e prêmios, mas permanecem fora de cartaz E xibidos em pré-estréias e em festivais. os documentários sobre Wilson Si- i monal, Arnaldo Baptista e Titäs têm colecionado elogios e até prêmios. Mas ne- nhum conseguiu até agora estrear no circui- to comercial. O de Simonal foi adiado para o ano que vem. O dos Titas tem estréia mar- cada para janeiro, embora ainda não tenha fechado as cotas de patrocínio. O de Arnal- do foi planejado para ir ao ar só pelo Canal Brasil, mas teve rota alterada pelo êxito nos festivais. "Recebemos milhares de e-mails, alguns falando da política burra da emisso- ra'"conta Paulo Mendonça. Uma quantidade impressionante de vi- deos tem surgido misteriosamente ali, sem que se saiba de onde vieram. "Tem bastante coisa dos Titãs lá. Acho que chega via fãs, pessoas que a gente não conhece", supõe Mello. “Mas não tenho nenhum problema com isso, eu próprio baixo músicas na internet." Trata-se de uma forma de pirataria, mas foi isso que evidenciou o paradoxo entre a exigüidade de ma- terial sugerida por emis- soras e gravadoras e a en- xurrada de imagens "per- didas" hoje encontráveis no YouTube em questão de segundos. E deve ter sido, também, impulso importante para deslan- char a nova leva de do- cumentários profissionais. "Os fãs tiveram um papel essencial", confir- ma Fontenelle. "Eu con- versava nas comunidades do Orkut, ia juntando pistas. A geração de agora está mais preocupada em dividir do que em possuir. A internet trouxe isso de bom." “Em verdade, penso que o YouTube é a melhor coisa que aconteceu à hu- manidade desde a Revo- lução Industrial”, exacer. “A geração de uma cadeia virtuosa aí, não é possível trabalhar nesse meio sem usar o YouTube para pesquisa." Mesmo dirigindo um agora está mais preocupada em dividir que canal ligado às Organiza em possuir” diz Fontenelle ções Globo, ele enfrenta o tema da pirataria sem ma- niqueísmo ou catastrofis- mo, algo que as gravado- ras de discos não fizeram em passado recente. “Não se pode negar que o You- Tube termina sendo também uma máqui- na de propaganda. É muito positivo, uma 58 CARTACAPITAL 3 DE DEZEMBRO DE 2008 A hesitação quanto ao apelo comercial persiste, mas desde já é possível fechar questão a favor da qualidade de cada uma NA LABUTA Mello e Alves têm estréia marcada, mas falta patrocínio revolução." E assim responde, quando per- guntado sobre se não há gente das pró- prias tevès abastecendo a internet de ex- raridades: "Pode ser que haja, também". A Globo adota discur- so cauteloso com relação a isso: "A tevê procura preservar seus direitos e dos seus colaboradores, também lesados com o uso ilegal, recorrendo à Justiça. Sempre que iden- tificamos algum vídeo pi- rata, solicitamos ao site que retire o conteúdo". Isso não impede que os encontros entre Titãs e Chacrinha, por exemplo, estejam a um clique de distância. E a própria Globo demonstra certa flexibilidade: "A emis- sora tem buscado parcerias com os sites das produções. As performances dos jovens Titãs, por exemplo, fazem lembrar como eram audaciosas suas atitudes. Depois eles enriqueceram e pacificaram-se, sem querer ou poder abrir mão do verniz marginal e re- belde. Nesse descompasso, ficaram contra- ditórios, por vezes gelatinosos. Mas deve causar orgulho aos Titãs rever as bases sóli- das sobre as quais sua história se construiu. Loki não conta com o depoimento de Rita Lee, ex-esposa e parceira do protagonista. Tal- vez por isso, cede à tentação de acompa- nhar os depoimentos dos rapazes da ban- da e vilanizar Rita em contraste com uma suposta "inocência" de Arnaldo. Fora isso, é um mergulho fundo e comovente nos altos e baixos de um dos vários tropicalistas cuja ascensão foi abortada num coquetel de drogas, distúrbios psicológicos e repressão. Ninguém Sabe o Duro Que Dei segue em direção oposta. Apesar de tratar de uma his- tória complexa e nebulosa, safa-se da ten- dência predominante na mídia, de julgar Si- monal, para condená-lo ou absolvê-lo. Mos- tra que o resultado da equação está longe de ser encontrado, e essa é sua vitória. Riquezas à parte, resta aos três filmes convencer exibidores e patrocinadores de que é possível garimpar cifrões por trás das câmeras e memórias. - PAS usados nessas ações. No caso do YouTu- be, fechamos uma parceria com o Goo- gle e estudamos uma maneira de dispo- nibilizar imagens de forma oficial”. Também aqui há diferenças em relação ao tempo em as gravadoras, tomadas por dirigentes egressos de fábricas de re- frigerantes e desinteressados por música, sucumbiram à pirataria e ao discurso de vitimização. Ao expor as razões de ser de Loki, Fontenelle faz desavisada revelação: "O gerente de marketing do Canal Brasil é fanático no Arnaldo Baptista". A propósito, em 1973, o hoje diretor do canal pago, então conhecido como Pauli- nho Mendonça, era um dos autores dos rocks dos Secos & Molhados. “É preciso preservar direitos, mas sem inviabilizar o futuro", ele procura conciliar. E arrema- ta: "Em qualquer lugar onde procuramos, encontramos coisas surpreendentes"..
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