CLIENTE: GILBERTO GIL
VEÍCULO: O LIBERAL - BELÉM
SEÇÃO: PAINEL/POLÍTICA
DATA: 07.01.2006
CASO ENCERRADO
Envolvidos querem pôr fim
a polêmica sobre cultura
RIO DE JANEIRO
Agencia Estado
ta
Se depender da maioria dos
intelectuais envolvidos na querela
com o secretário de Políticas Cul-
turais do Ministério da Cultura,
Sérgio Sá Leitão, o caso encerra-se
Ferreira Gullar, pivo da questão,
em breve. Esta é a opinião do poe-
que recebeu solidariedade num
manifesto assinado por personali-
dades como Fernanda Montene-
gro, Oscar Niemeyer, João Ubaldo
Ribeiro e Caetano Veloso. "Estou
surpreso que essa história dure
tanto", afirmou Gullar, ontem.
"Não me passou pela cabeça bri-
gar, pessoalmente, com Gil Gil-
berto Gil, ministro da Cultura,
que conheço desde sua chegada
ao Rio, nos anos 60. Esse menino
(Leitão) não agiu com inteligên-
cia, pois criou mais um problema
para o presidente Lula, que já está
apanhando de todos os lados."
do
A questão começou com um
cometário do poeta sobre as cri-
ticas que ouvia a respeito da ges-
tão de Gil. Embora Gullar ressal-
tado que não acompanha de
perto assunto, o secretário de
Políticas Culturais do Ministério
da Cultura tomou as dores do
ministro da Cultura e definiu o
poeta como defensor "dos fina-
dos regimes stalinistas" Gullar re-
plicou que a frase parecia saída
tinto Serviço Nacional de
Informação (SNI), e considerou
a matéria encerrada. Mas outros
intelectuais fizeram uma decla-
ração pública em favor dele. O
cantor e compositor Caetano Ve-
loso foi além. Declarou-se, publi-
camente, preocupado com o
"risco de totalitarismo".
Depois disso, Veloso, compa-
nheiro tropicalista de Gil
, fechou-
se a novos comentários, assim co-
mo o'escritor João Ubaldo Ribei-
ro, não por acaso, baiano como
eles. Já o cineasta Zelito Viana res-
salta que o tema não deve "ren-
der mais, mas acrescentou que
Leitão errou ao tentar situar foco
da discussão no cinema. "Não é
nar a disso. O que não se concebe
é um funcionário público ofender
quem critica o governo reclamou
Želito Viana. "Ninguém tem direi-
to de desqualificar outra pessoa
só por causa de uma opinião di-
vergente. Nosso protesto é contra
isso. Sá Leitão, aliás, vive um dile-
ma, pois é secretário de Política
Cultural num governo em que is-
so não existe.
Sem ofensa - As palavras são
fortes - stalinismo, totalitarismo-e
a reação a elas mais ainda. Mas o
secretário de Políticas Culturais do
Ministério da Cultura,
Sérgio Sá
Leitão, afirma que não teve a in-
tenção de ofender o poeta Ferrei-
ra Gullar. Quis responder à crítica
política, politicamente, diz. Pouco
antes de embarcar para Washing-
ton, onde representará o Brasil na
Organização dos Estados Ameri-
canos (OEA), Leitão declarou que
a questão que originou toda a po-
lêmica se esgotou. "O Ferreira
Gullar colocou suas críticas ao
Minc, que respondeu, contestan-
do as críticas. Agora, o que a crise
se tornou depois disso, quando os
cineastas Luiz Carlos Barreto e Ze-
lito Viana organizaram um abai-
xo-assinado para pedir a minha
demissão, nos parece de fato mui-
to barulho por nada. Sem querer
pôr lenha na fogueira, insisto em
questionar por que a crítica de
Gullar é democrática e a resposta
a ela não é!
Segundo Leitão, foi a direção
do Minc que solicitou uma res-
posta ao poeta, "até porque Gullar
declarou que não acompanha o
Minc, mas, mesmo assim, se ar-
vorou a tecer uma opinião. Não
há na minha resposta nenhuma
palavra que não tenha sido usada
por ele na entrevista que gerou o
fato, onde ele mesmo faz uma de-
fesa aos regimes comunistas" So-
bre a volta a toma do debate so-
bre a Ancinav, Leitão disse há um
"viés preconceituoso e estigmati-
zador" "O importante é as pesso-
as pensarem por que é que um
debate com o contraponto de
duas posições vira um abaixo-as-
sinado, que pede a demissão de
uma das pessoas que estão parti-
cipando do debate e uma campa-
nha para atingir o ministro Gil?
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