CLIENTE: Gilberto Gil
VEÍCULO: O Liberal - Belém
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SERVICE DATA:
RIO DE JANEIRO
Portal GI
SEÇÃO: Magazine
20/10/2008
Gil na estrada com "Banda Larga"
RETOMADA
Após a saída do
Ministério, cantor
e compositor
reencontra público
Todo o interesse
tecnologia vem
por ciência e
desde a infância
do artista
orró, reggae, samba-de-ro-
da... É Gilberto Gil de volta
aos palcos brasileiros na
estréia da turnê "Banda lar-
ga cordel", mesmo nome que
batiza seu primeiro CD de
canções inéditas em 11 anos.
Dessa vez, o público verá o
artista por inteiro, não mais
tendo que dividir a agenda
entre a música e os compro-
missos como ministro da
Cultura.
Como foi o processo cria-
tivo de seu último disco?
Em "Banda larga cordel"
reuni canções que com-
pus nos últimos 11 anos,
com exceção de “A faca
que o queijo", que já exis-
te há mais tempo. Venho
mexendo com gêneros
propriamente brasileiros
esse disco, mais uma
vez, reitera isso. Não o
vejo como uma novidade
em si. É como "Parabolica-
mará" ou "Quanta"... Esse
último, sim, era um disco
ambicioso no sentido con-
ceitual, querendo discutir
questões científicas e ar-
tísticas.
Você acabou de retornar
de uma excursão inter-
nacional. Como é a recep-
tividade do seu trabalho
como músico no exte.
rior?
O que acontece é o se-
guinte: temos na Europa,
no Japão e nos Estados
Unidos um público que já
tem referências da música
pop brasileira, com certa
ênfase na bossa nova, que
é o elo mais firme. É O
que eles mais conhecem
e o que mais identificam
como música brasileira.
Apesar disso, muita gente
também vem seguindo o
pós-bossa nova, se inte-
ressando pelo tropicalis-
mo e por artistas subse-
qüentes ao movimento,
como Ivan Lins, Djavan,
Carlinhos Brown, Marisa
Monte, Lenine... Todo esse
pessoal tem hoje um pe-
queno nicho desse territo-
rio brasileiro no exterior.
Eu sou um deles. No meu
caso, estamos falando de
fãs que vêm se acumulan-
do há 20, 30 anos. Já é um
pouco como no Brasil.
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E como anda a disposi-
ção física para mais uma
Baiano volta a investigar o tema da modernidade
turnê?
Não é mais como no tem-
po de "Refazenda" e "Re
favela",
em que fazia
200
shows por ano e passava
por 60 ou 70 cidades. O
"Banda larga" deve ir a
umas 20 cidades, que já
está de bom tamanho.
Antigamente, fazia nes-
sas excursões quatro ou
cinco shows seguidos.
Agora não pode ser mais
assim. Eu sou um rapaz
de 66 anos (risos). Mas o
palco é o lugar de refazer
as energias. É o grande
banquete. É ali que eu me
farto. Ali eu danco, canto,
toco, mostro minha poe-
sia, mostro minha músi-
ca, minhas composições
e arranjos, a forma de me
relacionar com os novos
timbres e novos instru-
mentos.
De onde vem esse seu in-
teresse por ciência tec-
nologia?
O É um fascínio que tenho
desde criança. Gosto de
estar ligado ao pioneiris-
mo disso tudo e de acom-
panhar essa transferência
que o Homem tem feito
para o mundo mecânico,
para as máquinas. Essa
concessão de espaço que
damos aos mundo auto-
mático e matemático, que
vai tomando conta da vida
da gente. Como já previa
Nietzsche, é a consciência
dando espaço para novas
formas de vida e novas
formas de Humanidade.
Tenho muito interesse
por ciência, cibernética,
nanotecnologia e biotec-
nologia. Sou um curioso,
fico acompanhando essas
possibilidades: onde a ci-
ência, a técnica, a filosofia
e a política estão indo? Fi-
co ligado nessa transfor-
mação conjunta que a Hu-
manidade vai sofrendo.
Você é um dos grandes
entusiastas da internet.
Como se dá essa relação
entre sua obra e a rede?
Sou um disponibilizador,
disponibilizo minha obra
para esses experimentos.
Não gosto de ser um artis-
ta com sua própria visão
fechada das coisas, uma
visão de exploração de
um determinado territo-
rio seu. Quero reexperi-
mentar e abrir espaços.
A internet mostra muito
claramente que é isso o
que está acontecendo.
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