CLIENTE: Gilberto Gil
VEÍCULO: Diário de Pernambuco - Recife
CLIPPING SEÇÃO: Viver
SERVICE DATA: 26/08/2008
"João pra mim é um acontecimen-
to perpétuo. Já está aqui no cerebe
lo", exultava Caetano, ao final da
apresentação. "É sempre maravilho-
so. É muita filigrana, os melismas de
Rosa Morena e Samba do Avião, que ele
faz muito sutilmente, mas que ho
je fez com um pouco mais de exibi-
ção mesmo", observou Gil, ressal-
tando ainda as qualidades de "gran
de garimpeiro dos aluviões da mú-
sica de todas as épocas".
,
Sérgio Ricardo, de quem João sem
pre cantou músicas nas intimida-
des”, diz que ficou surpreso quando
o cantor incluiu O Nosso Olhar no ro-
teiro de São Paulo e repetiu no Rio
com resultado ainda mais bonito.
"Minha música tem outra coisa, de
sambinhas paulistas e tal. Ele cor-
tou a primeira palavra de cada estro
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MÚSICA // Depois de 14 anos sem se apresentar na cidade, ele fez um show encantado no Theatro Municipal, no domingo
João Gilberto mata as saudades do Rio
LAURO LISBOA GARCIA I AGENCIA ESTADO
R
20-O que se viu neste fim de
semana foi algo redentor. De
pois de dois shows em São
Paulo, nos dias 14 e 15, João Gilber
to apresentou-se no
no Rio no domin
go, 24, no Theatro Municipal, em
comemoração aos
aos 50 anos da bossa
hova. Na platéia, Caetano Veloso,
Oliberto Gil, Francis e Hime
Byington, Sérgio Ricardo,
Adriana
lenbaum, Moraes Moreira, Davi Mo
raes, Galvão, Carlinhos Brown, Pe
dro Luiz, Roberta Sá, Ana de Holan-
da, Mario Adnet, Moreno Veloso, Pe
dro Sá e Célia Vaz, entre tantos ou-
tros. Muitos nunca tinham visto João
tocar ao vivo e, mais do que fås ou
curiosos, entre eles havia devotos.
fe, o que foi uma bolação inteligen-
te. Tudo o que ele faz tem sempre
uma mágica", afirmou. "É uma via-
gem em que João leva a gente sem-
pre para um lugar muito bom", elo-
giou Moraes Moreira.
Pois a
a viagem começou com um
delicado tributo a Dorival Caymmi,
morto no sábado retrasado, com três
clássicos - Você Já Foi à Bahia?, que can-
tou duas vezes seguidas, variando o
andamento, Doralice e Rosa Morena -
na seqüência. "Dorival Caymmi, vo-
es sabem ", disse João ao terminar a
primeira. Mais para o fim, no bis,
voltou a abordar o conterrâneo: "Vo-
cês me dão licença de cantar uma
música de Dorival Caymmi que tal-
vez não conheçam muito". E mandou
outra pedrada: Você Não Sabe Amar.
Quebrando um jejum de 14 anos
sem se apresentar no Rio, João fez
lindas homenagens à cidade com
Samba do Avião e Sinfonia do Rio de
Janeiro (ambas de Tom, a segunda
em parceria com Billy Blanco). Sam-
ba do Avião foi um 1 momento espe
cial. João repetiu cinco vezes a
tra, trocando e suprimindo pala-
vras, numa versão diferente da ou-
tra, como se estivesse depurando
a até encontrar o ponto exato. Faz
até um belo solo instrumental
, que
poderia ser mais longo, de tão in-
teressante
e que foi para se notar a
dinâmica de seus acordes. A Sinfo-
nia caiu como um bálsamo em sua
louvação a Copacabana.
Até a tão esgarçada Wave ressurgiu
como se estivesse levantando fres-
quinha do mar, levada por uma pra-
zerosa brisa de verão. Foi uma daque
las interpretações que superam to
das as outras já feitas da canção, in-
cluindo as do próprio João. Não fal-
tou quem comentasse boquiaberto:
"Incrível. Como é que ele consegue?"
O show começou um tanto estra-
nho. João, aos 77 anos, parecia rou-
co, com a voz
a voz cansada, e se
atrapa
lhou um pouco com a
na letra de Dora
lice. Mas a partir de Meditação (Tom
Jobim/Newton Mendonça), inserin
do pausas e onomatopéias, já com
a voz mais aquecida, o show deslan
chou. Já no bis, deu uma leve derra-
pada no verso final de Da Cor do Per
Pald no verso
cado, mas em vez da seriedade com
que conduzia Doralice, desta vez ele
se divertiu com o deslize, e o públi-
co mais ainda.
Ele deixou a platéia
acompanhá-lo numa
música e atendeu ao
pedido de um fã
A platéia conseguiu segurar o im-
pulso de cantar junto até Desafinado.
Mas quando veio Chega de Saudade
não resistiu e começou a acompa-
nhá-lo baixinho. João adorou o "sus-
surrinho" de "vai, minha tristeza" e
convidou "vamos fazer de novo". E
tocou outra vez, sem cantar, só fazen-
do de vez em quando um contra-
canto discreto para o vocal da platéia.
Antes de cantar Garota de Ipane
ma diz que não quer mais ir embo-
ra e arregaça a manga direita da ca-
misa e do paletó, para mais um ex-
tase geral .!
não
deu o pedido de uma fã e mandou
convocou o
o público na hora de fa
zer "quem quem". Pela ovação fi-
nal, o público do teatro lotado que
ria mais e mais. Não teve, mas vol-
tou para casa com um sorriso tão
grande quanto o de João.
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